Entre os que consideram "pacífica" a proposta de nomeação do general Nunes da Fonseca, que chefia o Exército, para Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, e os que apontam para uma "divisão" gerada pela quebra da rotatividade dos ramos na designação do CEMGFA - agora, seria a vez de um oficial-general da Força Aérea ser designado para o cargo -, esta é (mais) uma decisão da tutela que vem gerar algum desconforto no seio dos militares.
A rotação entre os ramos, que não é rígida ou regulamentar, constitui, porém, uma espécie de acordo de cavalheiros entre o Governo e as Forças Armadas, para que não haja preferências na hora de nomear um CEMGFA, e nem todos veem com bons olhos a opção do Governo, de fazer tábua-rasa da tradição, deixando para trás o atual chefe da Força Aérea, general Cartaxo Alves. Como o almirante Melo Gomes, antigo Chefe do Estado-Maior da Armada, que, apesar de não querer pronunciar-se sobre a nomeação de Nunes da Fonseca, refere que a decisão da tutela contribui para dividir os militares. "Não vejo senão uma razão divisionista para não seguir a rotatividade", afirma, ao JN.
Posição oposta tem o general Pinto Ramalho, ex-Chefe do Estado Maior do Exército. "Não tenho esse entendimento. Essa é uma regra não escrita, muito ligada à tradição, e que já foi alterada várias vezes. O que acho fundamental é escolher uma pessoa adequada ao cargo que vai desempenhar, e o general Fonseca tem todas as condições para ser um excelente CEMGFA. Não vejo polémica nenhuma", aponta o oficial-general.