Passos Coelho acusou esta sexta-feira o Governo de ter recorrido a medidas extraordinárias e a cortes no investimento, para atingir o défice de 2,3%. Sem isso o valor atingiria os 3,4%, assegurou. E deixou um aviso: o PSD não vai fazer vida fácil aos socialistas...
"Esse seria o défice de 2016 se excluíssemos as medidas extraordinárias e o corte no investimento público que o senhor planeou", disse Passos Coelho, no debate quinzenal, acusando António Costa de "fazer o que disse que não ia fazer".
O líder social-democrata denunciou que, com o recurso a "cativações definitivas", há "hospitais sem dinheiro para pagar a fornecedores" e "escolas que não conseguem abrir portas".
"O senhor primeiro-ministro não tem coragem de vir ao Parlamento de vir dizer o que fez", disse, insistindo várias vezes para que António Costa dissesse qual o peso das medidas extraordinárias na obtenção do défice mais baixo da história democrática nacional.
Na resposta, o primeiro-ministro contrapôs, primeiro, que o saldo primário melhorou no ano passado 747 milhões de euros em relação à execução orçamental de 2015.
Perante a insistência de Passos, de qual seria o valor do défice sem recursos a medidas extraordinárias, Costa respondeu: "Senhor deputado, terá a resposta quando o diabo cá chegar", disse, provocando protestos na bancada do PSD.
Em reação às críticas do primeiro-ministro, sobre o voto laranja no chumbo da TSU dos patrões, Passos admitiu que "o PSD não está na Oposição para fazer a vida fácil ao Governo". "Quando precisar do PSD para negociar alguma coisa importante, primeiro peça", concluiu.