As pessoas que foram vacinadas no Queimódromo nos dois dias em que houve uma quebra na cadeia de frio dos fármacos poderão ter que voltar a ser inoculadas. É uma "hipótese remota" e a decisão será tomada no "muito curto prazo", diz Marta Temido.
A ministra da Saúde está a aguardar respostas das duas fabricantes das vacinas que foram administradas no Queimódromo do Porto, pela Unilabs, nos dias 9 e 10 de agosto, bem como uma avaliação pelo Infarmed sobre se os fármacos mantiveram a qualidade necessária para dar imunidade aos vacinados.
A resposta deverá chegar "no muito curto prazo", disse a ministra Marta Temido, à SIC, esta quinta-feira, dia 19. Se se concluir que houve perda de eficácia das vacinas, admite que as pessoas tenham que ser "revacinadas". É uma "hipótese remota", diz. Na altura, a task force para a vacinação, liderada por Gouveia e Melo, assegurou que não havia qualquer risco para a saúde das pessoas vacinadas.
Os estudos em curso permitirão saber se as vacinas ainda estavam "no limiar da qualidade", apesar de terem sido expostas a temperaturas superiores ao recomendado pelas farmacêuticas.
A vacinação no Queimódromo foi interrompida no dia 12 e a task force já remeteu o caso à Polícia Judiciária, à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde e à Administração Regional de Saúde Norte. Houve uma "quebra de confiança" com a Unilabs, acusou Gouveia e Melo ao Porto Canal.
Dedicação exclusiva e incentivos a médicos
Na mesma entrevista à SIC, Marta Temido reafirmou que o Ministério da Saúde está a estudar melhorias às condições de trabalho dos médicos de medicina geral e familiar, depois de um terço das vagas postas a concurso terem ficado por preencher.
Em concreto, disse, poderão estar a reabertura voluntária do regime de exclusividade e a melhoria do mecanismo de incentivo ao emprego em regiões carenciadas.
O concurso abriu 459 vagas, mas só 292 foram ocupadas, a larga maioria das quais no Norte e Centro. Em Lisboa, Alentejo e Algarve, metade ou mais dos lugares ficaram por preencher. A associação dos médicos de família e os sindicatos lembram que a larga parte da formação destes profissionais é feita no Norte e Centro e que as condições de trabalho oferecidas, como um líquido é inferior a 1800 euros, não incentivam os profissionais a mudarem-se para outra parte do país.