Os cidadãos portugueses têm mais dificuldade em identificar notícias que deturpam a realidade ou que são objetivamente falsas do que a média dos cidadãos europeus, revela o Eurobarómetro sobre a Opinião Pública na União Europeia, divulgado esta segunda-feira.
A maioria dos inquiridos tem dificuldade em identificar as notícias enganosas, contrastando com a média dos cidadãos europeus, que revela uma atitude já mais cética e crítica em relação a este material. São dez os pontos percentuais que separam os portugueses da média europeia. E tal facto, como indica o relatório, "é preocupante e merece a maior atenção".
O problema ganha maior expressão entre os indivíduos com mais de 55 anos (34%), entre os que possuem menor escolaridade, deixaram de estudar com 15 ou menos anos (35%) e entre os que se definem como pertencendo à classe trabalhadora (outros 35%) e, assinala ainda o documento, pelas domésticas (10%).
De uma forma geral, os portugueses confiam mais nos meios de comunicação social do que os vizinhos europeus. Acima de dois terços confiam na televisão e na rádio e uma percentagem ligeiramente inferior na imprensa escrita. O padrão coloca Portugal acima da média europeia. A confiança dos portugueses nas redes sociais também é superior à dos europeus: 26% contra 19%.
No que se refere a fontes de informação sobre assuntos políticos, os portugueses continuam a recorrer sobretudo à televisão (87%), um valor acima do registado pelos europeus (81%). Neste campeonato, os portugueses são líderes. A percentagem de portugueses que tem na televisão a principal fonte noticiosa é a mais elevada dos 28 estados-membros. Em oposição, o valor mais baixo pertence ao Luxemburgo.
Depois da televisão, é a imprensa o meio onde os portugueses vão procurar informação sobre política nacional e europeia, surgindo em terceiro a rádio, em quinto os websites e em sexto, as redes sociais. A ordem de escolha da média dos cidadãos europeus é diferente: logo após a televisão, que tem um peso menor (na casa dos 70%), aparece a rádio e os websites e só então a imprensa escrita e as redes sociais.
O relatório faz notar que 11% e 16% dos portugueses não quer saber o que se passa a nível político nacional e europeu. Esta é a percentagem dos portugueses que admite "nunca procurar informação sobre assuntos políticos nacionais e europeus". Na comparação com o resto da Europa, estes valores atingem proporções preocupantes. Apenas e 6% e 7% dos europeus mostra este desinteresse.
Este Eurobarómetro 90 foi realizado no outono de 2018, e, em Portugal, os inquéritos propostos entre 8 e 19 novembro.