Apresentada há um mês por um grupo de mais de 120 enfermeiros, a participação disciplinar que pede a expulsão da bastonária, Ana Rita Cavaco, ainda está a ser analisada pela Ordem dos Enfermeiros (OE).
Questionado pelo JN, o presidente do Conselho Jurisdicional (CJ), Serafim Rebelo, diz que o órgão "não se pronuncia sobre procedimentos que se encontram em investigação" e "não toma posições públicas sobre participações, nem nunca o fez."
Manuel Lopes, professor da Escola Superior de Enfermagem da Universidade de Évora e primeiro signatário do documento, garante não ter tido, até ao momento, qualquer resposta por parte do CJ: "Ainda não fui notificado de nada, nem sequer acusaram a receção".
Na origem da queixa estão os polémicos comentários da bastonária nas redes sociais sobre o processo de vacinação de alguns responsáveis políticos, classificando-os de "fura-filas", e sobre o colunista Daniel Oliveira, que a criticou numa crónica. Ana Rita Cavaco apelidou-o de "esterco", associando-o a "vigarices com graus académicos".
As declarações foram consideradas pelo grupo de enfermeiros "gravemente violadoras do Código Deontológico" e "indignas de um dirigente máximo de uma associação pública profissional, degradando gravemente a sua reputação e perceção públicas".
A antiga bastonária da OE, Maria Augusta Sousa, foi a primeira a pedir a intervenção do CJ. Num artigo de opinião no jornal "Público", apresentou desculpas a quem Ana Rita Cavaco "tem, de forma explícita, ofendido e vilipendiado, sem qualquer respeito pela profissão e pelos enfermeiros".
O seu sucessor, Germano Couto, também condenou "o discurso desadequado, rude, descortês, desrespeitoso, insolente e mal-educado" da atual bastonária, "incompatível com o cargo e a profissão".