A não ser que haja um milagre qualquer durante o próximo mês, e nem os muito crentes acreditarão que o venha a haver, o Natal deste inesquecível 2020 haverá de ser também ele inolvidável. E não pelos bons motivos em que normalmente se faz uso destes adjetivos.
No dia em que se ultrapassou a barreira dos quatro mil mortos por covid-19, Portugal também registou, pela primeira vez, mais de 500 internados em unidades de cuidados continuados. Daí que acreditar que o Natal vai ter a normalidade de outros passados, talvez só mesmo para os negacionistas da pandemia.
Exceto se for permitida a deslocação entre concelhos, e não é crível que isso venha a acontecer, está-se mesmo a ver que o número de pessoas que vão passar sozinhas o dia em que se assinala o nascimento de Jesus Cristo vai ser muito maior do que noutros anos.
Por cá ainda não sabemos o que nos espera, mas em Espanha o Governo já anunciou que pretende limitar as reuniões familiares e sociais a seis pessoas durante as férias de Natal, exceto se os participantes viverem sob o mesmo teto. E quer que haja um confinamento noturno a partir da uma da manhã nas noites de 24 e 31 de dezembro, ou seja, vésperas de Natal e de Ano Novo. Uma ideia a aplicar por cá?
À espera do que nos venha a calhar, talvez vá sendo tempo de as famílias começarem a planear as festas com mais ou menos distância, sobretudo seguras, sem correr riscos, acreditando que a quadra natalícia do próximo ano será melhor.
Até porque, convenhamos, o que ninguém com bom senso vai querer é passar o Natal no hospital. E é se houver cama. Porque pode não haver. Por exemplo, o Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, no distrito do Porto, anunciou esta terça-feira que atingiu o limite na capacidade de tratamento de doentes infetados com o novo coronavírus.
Em todo o país sucedem-se os surtos em lares de idosos e noutras estruturas de acolhimento temporário ou permanente: Chaves, Espinho, Águeda e Castelo Branco são alguns casos de hoje, que se juntam a muitos outros já noticiados e precedem os muitos que estão por acontecer.
É bem verdade que está toda a gente tão farta disto, que apetece mandar tudo às urtigas. Mas se não mandámos quando o túnel era negro, agora que se vê uma luz a crescer ao longe, por mor da esperança nas vacinas que têm vindo a ser anunciadas, vale a pena esperar um pouco mais e sempre com bom senso.
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