António CunhaIntegrar para preparar o verão no invernoNa segunda-feira, teve lugar em Guimarães uma reunião sobre prevenção de fogos rurais na Região Norte. Na acolhedora sala do Teatro Jordão, estiveram os responsáveis das instituições públicas com responsabilidades neste processo, nomeadamente: o(a)s ministro(a)s da Administração Interna, Agricultura e Alimentação e da Coesão Territorial, o comandante geral da GNR, os presidentes do ICNF (que também representava o ministro do Ambiente), da ANEPC, da AGIF, presidentes ou vereadores da quase totalidade dos municípios nortenhos e os secretários executivos das entidades intermunicipais, bem como toda a presidência da CCDR-Norte.
António CunhaNão olhar o futuro pelo retrovisorEm 14 de dezembro do ano passado, o Colégio de Comissários da Comissão Europeia aprovou o conjunto de doze programas que integram o Portugal 2030, incluindo o Norte 2030.
António CunhaDesejos de Ano NovoEm dezembro, o Governo aprovou a Resolução do Conselho de Ministros 123 que "determina a transferência, a partilha e a articulação das atribuições dos serviços periféricos da administração direta e indireta do Estado nas comissões de coordenação e desenvolvimento regional".
António CunhaPolítica regional com outro nome A Política de Coesão cofinanciada pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) e Fundo Social Europeu (FSE) constitui uma política regional. Aplica-se a regiões (NUTS II), não a países, classificando essas regiões em três categorias e atribuindo recursos em função dessa classificação, (fundamentalmente) em proporção da população residente e do diferencial de PIB por habitante em relação à média comunitária. O montante atribuído a cada Estado-membro mais não resulta do que do somatório do montante atribuído a cada uma das suas regiões NUTS II.
António CunhaA reformaA discussão sobre a "reforma do Estado" em Portugal tem-se assemelhado muitas vezes a uma cornucópia de consensos vãos e frustrações endémicas. Estamos genericamente de acordo quanto aos princípios universais da "racionalidade" e "transparência" desse Estado e às suas funções de "coesão territorial" (vindo sempre à tona o "Interior"...), mas temos fracassado há décadas em dar passos concretos na reorganização e democratização deste grande "condomínio".
António CunhaSementeira socialAs crises devolvem-nos uma consciência mais aguda sobre a importância maior da inclusão e da promoção social ativas.
António CunhaAgustina, agitadoraO centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís é, por estes dias, o acontecimento que marca culturalmente o país, especialmente, o seu território de vida e criação por eleição - o Norte. (Foi ela mesma quem disse: "ninguém é mais do Norte do que eu!") Amarante, cidade-berço da escritora, foi o pórtico de uma celebração que promete agitar o seu desconcertante legado e que se estende a vários territórios e além-fronteiras.
António CunhaCiclo novo, vida novaEncontro-me hoje em Bruxelas para participar na ronda final de negociação do futuro programa regional do Norte (o Norte 2030), com uma representação da Comissão Europeia. Com um orçamento global de 3,4 mil milhões de euros, o Norte 2030 será um dos instrumentos de aplicação dos fundos europeus do Portugal 2030 no Norte, que forma com o Centro e o Alentejo o conjunto das regiões portuguesas prioritárias na implementação da Política de Coesão comunitária.
António CunhaRevoluçãoEsta foi a palavra usada pelo ministro das Infraestruturas quando há uns dias apresentava, com o primeiro-ministro, no Porto, o protejo ferroviário em alta velocidade que ligará Lisboa, Porto e Vigo. O termo não tem nada de exagero. No horizonte de oito anos, até 2030, Porto e Lisboa ficarão ligados a uma hora e quinze minutos de viagem (reduzindo a distância em mais de uma hora e meia) e Porto e Vigo estreitam a sua ligação para 50 minutos (quando agora distam entre si mais de duas horas e vinte minutos). A ligação ao aeroporto não fica também esquecida.
António CunhaIdentidade e futuroRetomo a posição onde concluí a minha última coluna de opinião nestas páginas: o breve e valioso livro de Ramón Villares, recentemente publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. "Galiza - Terra irmã de Portugal" é um daquelas obras que iluminam tanto a memória quanto o futuro. O autor traça uma arqueologia brilhante da "irmandade existente entre a Galiza e Portugal", irmandade "atlântica", natural e cultural, que foi historicamente "dividida" por dois reinos e estados, mas para onde o presente e o futuro sempre apontam. "Subjacente a esta realidade cultural e política, está a continuidade das suas paisagens e as frequentes relações transfronteiriças das suas gentes, que não percebem de fronteiras ou que as atravessam sem disso se dar conta", nota Villares, referindo-se aos milhares de nortenhos e galegos que ainda hoje "cruzam a raia" quotidianamente, cujas famílias se miscigenaram, na esteira do que aconteceu na Galécia e até aos dias de hoje. "Essa divisão - nota Villares - nunca chegou a concluir-se por completo. (...) As semelhanças são indeléveis, os diálogos nunca cessaram".
António CunhaLeituras de "rentrée"É comum recomendarem-se livros para leitura nas férias estivais - tão comum quanto a frustração das expectativas que lhes sucede. Prefiro, por isso, recomendar leituras para a "rentrée", e apenas duas. Leituras instrutivas pela sua atualidade e pelo que dizem do país que somos, herdamos e temos.
António CunhaO paradoxo e a chave A realidade é muitas vezes ambivalente, contraditória. Uma conquista motivadora anda muitas vezes de mãos dadas com a tragédia. Este verão traz-nos notícias assim. Numa mão recebemos a expectativa do melhor ano de sempre no turismo, em hóspedes, dormidas e proveitos. Temos feito, e bem, por isso - e também ou especialmente a Norte. Mas na outra mão recebemos as imagens e notícias de incêndios devastadores sobre as nossas paisagens, serras, florestas e aldeias, com especial intensidade e dimensão no Centro e no Norte. De tão recorrentes, essas imagens tornam-se banais. Carregam-nas ainda de maior dramatismo a seca que nos assola e que implicará, por si só, mudanças radicais no uso e gestão da água, com especial significado nas atividades agrícolas.
António CunhaMeia vitória A generalidade dos programas do futuro "Portugal 2030" entrou há dias em consulta pública, incluindo o de iniciativa regional gerido pela CCDR-Norte - o "Norte 2030". O tema parece enfadonho q.b., contrastando com a importância destes instrumentos, sobretudo no momento especialmente exigente como aquele que vivemos. As tremendas transições que estamos obrigados a fazer - ambiental e energética, digital e de reindustrialização -, e que o nosso quotidiano tornou tão decisivas, esperam nestes fundos uma poderosa alavanca.
António CunhaFazer justiça Incêndios de dimensões exuberantes engolem por estes dias as atenções do país e confirmam a perceção de poderes e cidadãos de que a emergência climática e ambiental é uma realidade incontornável do nosso quotidiano, a exigir estratégia e ação coletivas.
António CunhaWaterworld Nas últimas semanas multiplicaram-se as iniciativas nacionais e internacionais sobre o futuro dos oceanos. Entre elas, a grande Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, em Lisboa, e antes a conferência de aniversário do JN, em Matosinhos. Não por acaso.
António CunhaSibila para os nossos diasÉ um dos acontecimentos culturais incontornáveis de 2022: o centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís. A celebração agita-se a Norte, sua região natural e de inúmeros vínculos biográficos e artísticos da escritora, mas estende-se muito justamente a todo o país e além-fronteiras. Sendo a mais nortenha criadora literária do século XX, a geografia humana de Agustina é inequivocamente universal. Os seus dramas morais e retratos das contraditórias relações humanas não conhecem fronteiras, nem épocas.
António CunhaO último apaga a luz? Assisti há dias, com estupefação e incredulidade, a um programa da televisão pública - "O último apaga a luz", da RTP3 - em que um painel de ilustres convidados perora a respeito da "descentralização" e "regionalização". Impressionaram-me (e preocuparam-me) duas coisas: o profundo desconhecimento de causa em pessoas respeitadas e a ligeireza leviana a que esse desconhecimento conduziu na análise de assuntos importantes.
António CunhaUma voz clara Desconhecido de muitos cidadãos, o Conselho Regional do Norte é um órgão político que reúne os 86 presidentes de Câmara Municipal e representantes das instituições económicas, sociais, científicas e culturais da região, estando integrado na CCDR-Norte.
António CunhaEuropa: "o futuro tem um coração antigo" Ouvimos chamar-lhe coisas diferentes, segundo o menor ou maior grau de otimismo - "tempestade perfeita", "crise total" ou "tempo desafiante". É inequívoco que a Europa vive um momento especialmente crítico, decisivo. Viveu outros no passado, é certo, mas não sob uma confluência tão forte de diferentes variáveis: político-militar, ambiental, tecnológica, social e alimentar.
António CunhaInvestimento público: bênção ou maldição?Tem-se tornado persistente a perceção quanto a um peso excessivo do investimento público na utilização dos fundos europeus. Ainda há dias, o JN titulava "Setor público recebe mais fundos europeus"...
António CunhaFalar de dinheiro A nossa educação tradicional sempre foi avessa a isso. Falar de dinheiro era um assunto demasiado terreno, pouco elegante, quase mesquinho.
António CunhaO Norte, claro De tão consolidados, há factos cuja lembrança deveria ser dispensada. Entre eles, o de o Norte ser a região mais populosa do país, a mais industrializada e exportadora.
António CunhaResposta próxima O êxodo de cidadãos ucranianos, resultante da guerra provocada por Vladimir Putin, abriu portas a uma crise de refugiados na Europa, que chegou também a Portugal e se deverá intensificar nas próximas semanas.
António CunhaProva de esforço Subitamente, o nosso Mundo mudou. A guerra voltou à Europa, sem pedir licença, embora com sinais de pré-aviso que fomos mais ou menos ignorando, negligenciando as lições da História.
António CunhaAgarrar o futuro "A melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo". Com diferentes nuances, esta expressão foi usada por pensadores de referência, desde Abraham Lincoln a Peter Drucker. Os países e regiões, cidades ou empresas que conseguem fazê-lo estão em melhores condições para liderar, na inovação como no crescimento.