O Estado da Nação teve o tradicional debate estival na Assembleia da República, num episódio rico na disputa político-partidária, pobre no tratamento dos problemas que afetam os portugueses e neutro como contributo para um Portugal melhor.
O país, o verdadeiro país onde vivem os portugueses, esteve longe do debate e está preocupado, suspenso e feliz.
Preocupado com a guerra, a pandemia e a inflação. Preocupado com patologias que se repetem ano após ano, como vários serviços de saúde que não estão disponíveis um pouco por todo o País, os incêndios que lavram sem que as medidas de estruturação da floresta e de gestão dos terrenos ocupados por matos lhes façam frente, as centrais de produção de energia a carvão que foram desativadas antes do tempo e que têm de ser reativadas para ajudar o país a responder ao problema energético em que estamos envolvidos, entre outros motivos.
Suspenso para verificar se o primeiro-ministro é capaz de governar com maioria absoluta, descentralizando e reformando o Estado, e se já fez as pazes com o seu ministro das Infraestruturas e Habitação. Suspenso pela indecisão dos políticos que gerem o Estado português em matérias que há muito cansam os portugueses, como a localização e a execução do novo aeroporto de Lisboa, a construção de uma (ou mais) unidade de dessalinização para cuidar da presença permanente de água de consumo no Algarve, entre outros motivos.
Feliz, porque a ANMP e o Governo assinaram um importante acordo para dar um impulso ao processo de descentralização nas áreas da Educação e da Saúde. Feliz porque mesmo com a presença da pandemia que ainda nos perturba, temos de regresso os festivais de música, as festas religiosas e as festas que as câmaras municipais organizam por todo o país, a festa da vida, do reencontro que propicia aquele abraço que faz a diferença do que é ser ser humano.
Na abordagem do Estado da Nação, temos uma crise com uma característica diferente de todas as anteriores. Nas anteriores o desemprego sempre foi um dos principais problemas a responder. Atualmente é a falta de mão de obra em muitos setores de atividade e em muitas tipologias de competências, que exige uma abordagem e uma resposta moderna e profundamente diferente da que é feita pelo IEFP, com políticas ativas de emprego e de imigração, com o apoio social a quem não tem condições de trabalhar gerido pela Segurança Social, com a formação profissional assente no sistema de ensino e não num IEFP que já não faz sentido existir.
E que sempre viva Portugal, que queremos sempre em bom estado.
Presidente da Câmara Municipal de Aveiro
