Na semana em que milhares de jovens de todo o Mundo se concentram no nosso país para a Jornada Mundial da Juventude, a Pordata publicou um estudo com o retrato da juventude portuguesa. Comecemos pelas boas notícias: Portugal é o 7.º país da União Europeia com a maior proporção de jovens com ensino superior. Os jovens portugueses são cada vez mais qualificados, nove em cada 10 jovens entre os 20 e os 24 anos têm, no mínimo, o ensino secundário. Além disso, os jovens portugueses têm competências digitais acima da média europeia, ocupando o 5.º lugar entre os que mais utilizam as redes sociais e consomem notícias online. Também ao nível dos hábitos de saúde dos jovens, nomeadamente, da prática de exercício físico, os números são motivadores porque revelam uma melhoria face a estudo anterior.
Mas as boas notícias ficam por aqui. Cerca de 95% dos jovens portugueses ainda vivem com os pais, sendo este o quarto valor mais alto da União Europeia. E a razão para o adiamento da sua emancipação é facilmente explicada se olharmos para o tipo de vínculos laborais que estes jovens têm: seis em cada 10 jovens têm vínculos de trabalho precários, tendo Portugal a 7.ª mais elevada taxa de desemprego jovem. E se o cenário já era desolador, olhando para o risco de pobreza e exclusão social a situação é ainda mais preocupante: cerca de 25% dos jovens portugueses estão em risco de pobreza ou exclusão social.
Não é por isso surpreendente o fenómeno de saída acentuada de milhares de jovens portugueses do território nacional, procurando noutras geografias melhores condições de vida. O paradoxo é claro: apesar de muito qualificados e de bem posicionados em matéria de educação e qualificações, as condições de vida que os jovens portugueses têm hoje no seu país não lhes permitem ficar cá para desenvolverem os seus projetos de vida.
São, de facto, inúmeros os desafios e problemas que o país tem de enfrentar nos próximos anos. Mas a resposta a uma geração altamente qualificada e que apenas gostaria de poder permanecer no seu país tem de ser a prioridade máxima. De outra forma, continuaremos a assistir à sangria de investir numa geração que não tem oportunidades para colocar ao serviço do seu país todo o talento que tanta falta fazia a Portugal.
