Pronto, está estabelecido, todos nós temos de fazer sacrifícios para meter na ordem as contas do Estado. O pior é que há quem quase sufoque com os tais sacrifícios e quem continue a respirar sem problemas. Entre os primeiros está o Jaime, que contou ao JN que, depois de lhe haverem cortado o rendimento de inserção, teve de passar a fazer só uma refeição diária. Mas não sei se nesse número não deverei incluir, por exemplo, os bancos, que vão amiúde até aos órgãos de Comunicação Social lamentar-se de que também para eles a vida está difícil.
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A queixa mais recente resulta do facto de, em 2011, terem de pagar uma taxa a que não estavam habituados. E vejo os banqueiros ir à TV e, com ar grave e dorido (agora me dou conta de que nunca vi um banqueiro sorrir para as câmaras...), falar em «mercados», «rating» e mais coisas em que o Estado deveria pensar antes de lhes impor taxas pelos vistos injustificáveis. Só três bancos acumularam, em nove meses, lucros de 767,5 milhões de euros, mas não sei se isso será suficiente para que o Estado lhes exija tantos sacrifícios como exige, por exemplo, aos funcionários públicos, que vão passar a ganhar menos 5%.
E que nem sequer têm maneira de ladear o problema, como fez a PT. Depois do negócio da venda da Vivo, vai distribuir pelos accionistas dividendos que totalizam 1,5 milhões de euros. Já, porque, se fosse para o ano, eles teriam de pagar impostos - e, assim, não pagam nada...
Quando se vê uma empresa em que o Estado tem participação e que ainda por cima é de importância estratégica cometer semelhante desaforo, uma autêntica gargalhada de escárnio na cara dos contribuintes que não têm por onde fugir ao que se lhes exige, o que pode o Governo esperar dos cidadãos se não que demonstrem na rua a sua revolta?
