Felisbela LopesA Internet das pessoasO termo IoT está hoje disseminado em todo o mundo, significando a Internet das Coisas (Internet of Things). Trata-se de colocar sensores em tudo o que é físico - as coisas -, de forma que se possa controlar remotamente várias das suas características, incluindo a posição. Muito útil, convenhamos, num mundo em que o físico e o digital se fundem, quase sempre para nossa conveniência. Ainda assim, questiono-me sobre o papel da Internet junto das pessoas, sobretudo das mais vulneráveis. A resposta, ou uma resposta, chegou-me esta semana, por via de um projeto-piloto que está a decorrer em Trás-os-Montes, designado "Idoso(@) Ativo(@)".
Felisbela LopesUma pandemia cibernéticaO dossier desta semana da revista "Newsweek", dedicado aos ataques perpetrados por hackers cada vez mais organizados e sofisticados, impressiona pela extensão geográfica e pela dimensão numérica. Trata-se de uma noticiabilidade difícil de produzir, porque este tipo de crime é muitas vezes mantido em segredo. Daí, nenhum de nós ter uma noção aproximada de uma realidade que se desenvolve muito na chamada darknet.
Felisbela LopesMais passeios? Talvez melhores passeios...Na sequência do processo de consulta pública feita no âmbito da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Pedonal, a Associação Zero veio exigir que haja mais espaço para peões nas ruas. Antes de discutir dimensões quantitativas, talvez fosse avisado tomar medidas para recuperar os passeios existentes. Ninguém ganha o gosto por caminhar em pisos irregulares e cheios de buracos.
Felisbela LopesOs exames não podem valer tudoNotícias desta semana avançam que, no novo modelo de acesso ao Ensino Superior, os exames finais deixam de ser obrigatórios para a conclusão do Ensino Secundário, mas ganham mais peso para quem quer prosseguir os estudos, podendo valer, pelo menos, metade da nota de acesso a uma universidade ou a um politécnico. Tal decisão contraria a valorização da aprendizagem contínua e a importância da formação integral dos estudantes que tanto se tem defendido.
Felisbela LopesOs meus desejos para 2023Trabalhando numa universidade pública, espero que o próximo ano traga recursos financeiros mais estáveis que permitam um consistente planeamento das atividades científicas e pedagógicas.
Felisbela LopesAprender a viver na imprevisibilidadeHá um ano, ambicionávamos um mundo livre da pandemia, focado em recuperar a normalidade perdida. A guerra na Ucrânia voltou a virar tudo de pernas para o ar. Sentimos novamente medo e, depois, experimentamos inesperados constrangimentos financeiros. Hoje, a ordem do imprevisível torna-se cada vez mais dominante.
Felisbela LopesSinais de alerta nos mais novosUm estudo da Organização Mundial de Saúde ("Health Behaviour in School-Aged Children") sobre a adolescência, envolvendo Portugal, documenta que os nossos jovens se sentem infelizes.
Felisbela LopesÉvora: o elogio ao vagarNão imagino se a equipa que preparou a candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura em 2027 leu o livro "Hipercultura - o Preço da Pressa", de Stephen Bertman. É que no conceito de vagar da candidatura estão lá muitas ideias desta obra que nos coloca no trilho perfeito para pensar as limitações de uma sociedade gerida pelo "agora e já". Daqui em diante, Évora terá de se concentrar no mais difícil: criar públicos disponíveis para o consumo da cultura.
Felisbela LopesAs lições do JapãoHabituados a climas efervescentes quando termina um jogo de futebol, é com estupefação que vemos os adeptos japoneses de sacos de lixo na mão a limparem calmamente as bancadas onde permaneceram nas duas horas anteriores. Também os jogadores da seleção nipónica replicam o mesmo cuidado nos balneários. Porque todos aprenderam a devolver ao espaço público ambientes tal como lhes foram proporcionados: limpos.
Felisbela LopesOs idosos contam. MuitoPortugal está mais envelhecido. Hoje, por cada 100 jovens, há 182 idosos. E isso pesa enormemente num tecido social sem estruturas de apoio aos mais debilitados e sem políticas públicas que promovam um envelhecimento mais ativo. A noticiabilidade em torno dos resultados dos Censos 2021 dá outra visibilidade a um problema há muito detetado. A partir de agora, o tempo tem de ser de ação.
Felisbela LopesUma bola a rolar num país sem cultura futebolísticaComeça domingo o primeiro Mundial a decorrer num país árabe. É o mais caro de sempre, somando um custo de mais de 200 mil milhões de euros. Sem uma expressiva cultura futebolística, o Catar vê aqui uma oportunidade de afirmação global. Mas a contestação tem sido grande.
Felisbela LopesUma perigosa turbulência na política americanaA tão anunciada onda vermelha que se previa para as eleições intercalares dos EUA, com uma previsível conquista do Senado e da Câmara dos Representantes por parte do Partido Republicano, não aconteceu. Até agora, apenas se sentiu uma ligeira ondulação. Os democratas respiraram de alívio, mas o perigo não desapareceu. Até porque os votos não estão todos contados.
Felisbela LopesClima: (ainda) não está tudo perdidoComeça, no próximo domingo, em Sharm-el-Sheikh, no Egito, a COP27. Para além de repensar políticas para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa e para melhor nos adaptarmos às inevitáveis consequências das alterações climáticas, esta conferência do Clima tem de colocar como prioridade máxima a ajuda financeira aos países mais pobres. E olhar para o (mau) estado do planeta de forma pragmática. Não está tudo perdido. Apenas é um bocadinho tarde.
Felisbela LopesFazer estilhaçar o teto de vidroCom a aprovação final agendada para 22 de novembro no Parlamento Europeu, a diretiva "Women on Boards" vai impor cotas obrigatórias para mulheres nos cargos executivos (33 por cento) e não executivos (40 por cento) das empresas cotadas em bolsa. É uma mudança substancial, mas as revoluções não se decretam. Antes acontecem por transformações estruturais que, a este nível, estão longe de existir.
Felisbela LopesPorta giratória em Downing StreetAinda que seja possível encontrar uma nova liderança e, consequentemente, um outro rosto para primeiro-ministro, o partido conservador britânico estará a adiar um problema. O Reino Unido apenas encontrará alguma estabilidade através de eleições gerais, mas, nesse caso, é o Partido Trabalhista que estará agora mais bem preparado para enfrentar as urnas.
Felisbela LopesO pedido de desculpa de Marcelo e os caminhos deste mandatoNinguém poderá pensar que o presidente da República é insensível ao brutal crime de abuso sexual de padres sobre menores. Porque nenhum cidadão o será e porque Marcelo tem um percurso que comprova inequivocamente a sua solidariedade para com aqueles, sobretudo os mais frágeis, que atravessam momentos difíceis. Ontem pediu desculpas por ter proferido palavras que provocaram interpretações contrárias à sua intenção. Fez bem, embora este caso deva igualmente levar a uma reflexão sobre os caminhos do segundo mandato presidencial.
Felisbela LopesHá uma revolução por fazer nos 30 anos da TV privadaO surgimento dos canais privados redesenhou o campo mediático e estruturou, em parte, o país que somos. Trinta anos volvidos, a TV privada perdeu fôlego no exercício de contrapoder e imobilizou-se quanto à capacidade para idealizar novos formatos. Os teóricos do audiovisual há muito que anunciaram o advento de uma hiper-TV. Que está por criar em Portugal.
Felisbela LopesBrasil, as eleições do desesperoSe Lula da Silva ganhar, como tudo indica, as eleições presidenciais brasileiras, talvez o momento não seja para celebrar a sua vitória, mas a derrota de Jair Bolsonaro. Por estes dias, os média apelam ao voto útil, argumentando que é imperioso tirar o "Trump tropical" do Planalto. A bem da sobrevivência da democracia. Pena que, nos últimos anos, o Brasil não tivesse sido capaz de criar uma alternativa forte ao atual presidente.
Felisbela LopesA Itália a ser (de novo) ItáliaA partir de domingo, a Itália poderá ser governada pela extrema-direita. O partido Irmãos de Itália, apoiado pela Liga, de Matteo Salvini, e pela Força Itália, de Silvio Berlusconi, apresenta-se em primeiro lugar nas sondagens; e a sua líder, Giorgia Meloni, vem aumentando a popularidade em eleitores de outras forças partidárias. Nos média, multiplicam-se vozes temerosas face a uma mudança perigosa para a União Europeia.
Felisbela LopesCarlos III passará das birras aos desafios?Beneficiando de uma estima coletiva que resulta essencialmente da enorme afeição por Isabel II, o rei Carlos III terá vários desafios pela frente. Por exemplo: impedir que a monarquia possa ser vista como algo anacrónico; criar uma base sólida para proporcionar, a partir da coroa, alguma estabilidade ao país; e definir para si uma marca de legitimidade. Para isso, terá de colocar de lado certos caprichos.
Felisbela LopesMudar de vidaPrecisamos urgentemente de revolucionar os nossos modos de vida: a maneira como nos deslocamos, vivemos, comemos, produzimos e consumimos. Os média também deveriam alterar as agendas noticiosas. Porque o Mundo está a passar por mudanças profundas.
Felisbela LopesCelebrações da independência do Brasil no meio da campanha eleitoralOs calendários ditaram que os 200 anos da independência do Brasil caíssem em cheio no meio de uma truculenta campanha eleitoral. E a polémica adensa-se. Seja porque o programa delineado é considerado pouco ambicioso, seja porque Jair Bolsonaro insiste em aproveitar a data para fins partidários.
Felisbela LopesValorizar mais a formação dos professoresNão é fácil ser um bom professor. Na sala de aula, a respetiva eficácia resulta da combinação de conhecimentos científicos com competências pedagógicas e, claro, com bom senso e sensibilidade para os contextos. Querer simplificar requisitos de acesso à profissão, como é intenção do Ministério da Educação, pode ser muito arriscado.
Felisbela LopesÉ preciso valorizar a independência Portugal é o país da União Europeia onde os jovens saem mais tardiamente de casa: aos 33,6 anos. Segundo dados do Eurostat, a média da UE é de 26,5 anos.
Felisbela LopesNão partilhe jornais! Um estudo recente da Obercom, circunscrito à imprensa, demonstra que a distribuição digital não autorizada de jornais, num mercado avaliado em 144 milhões de euros, causa um prejuízo na ordem de 44 milhões de euros anuais e uma receita perdida pelo Estado de 2,5 milhões de euros. No fim, todos perdemos.