Júlio Machado VazUm homem sóA sala é pequena, mas mesas melancólicas por vazias estendem-se a perder de vista. Há longos anos um dos meus filhos trouxe-me pela mão com a promessa de um bom peixe grelhado.
Júlio Machado VazBarcelona, Londres e o futuroEm Maio de 2020, José Castro e Ana Isabel Silva escreviam um artigo intitulado "Medicina e urbanismo: um abraço necessário no pós-covid". Li, gostei e aprendi!, um bom truque para envelhecer melhor.
Júlio Machado VazDas palavrasO ano passado obrigou a lutos, simbólicos e literais. O que mais custou a digerir foi o da viagem à Provença com os meus netos. Revisitara mapas e livros, órfão de gosto e História de Arte ia-lhes contar Vincent, o homem para lá do fogo de artifício das cores.
Júlio Machado VazObrigadoOs seres humanos são animais de hábitos, esses sinaleiros que nos satisfazem a nostalgia de segurança e organizam o Mundo.
Júlio Machado VazEnquanto um de nós…O Natal traz-me como aio um poema de José Luís Peixoto, "na hora de pôr a mesa, éramos cinco". Fala de uma família que se estilhaça pela morte do pai e a diáspora dos outros membros. Alguém fica sozinho, mas sem dúvidas - "na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco. Enquanto um de nós estiver vivo, seremos cinco".
Júlio Machado VazUma questão de botõesHá dias, a comissária europeia dos Assuntos Internos disse que confiava estar Portugal "a tratar apropriadamente a horrível violação de direitos humanos" acontecida no aeroporto de Lisboa. Acrescentou pensar que "haverá algumas mudanças na liderança e nos regulamentos". E premiu um botão de alarme... nos corredores do poder.
Júlio Machado VazDe um dia para o outro"Observador", 30 de Novembro, prosa de Ana Catarina Peixoto - Em Maio e Julho o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra debruçou-se sobre os relatos de profissionais de saúde no desempenho de funções e quando infectados. É reconfortante ver António Marques, coordenador do Núcleo de Investigação em Enfermagem, sublinhar o sentimento de missão que os leva a proteger colegas mais frágeis e a amenizar a solidão dos doentes, mas deprimente sabê-los discriminados por vizinhos.
Júlio Machado VazA fadiga tem muitas facesA OMS alertou para a subida da fadiga pandémica que pode atingir até 60% dos membros de certos grupos, traduzida por uma apatia que faz baixar a guarda e desleixar as estratégias preventivas.
Júlio Machado VazAldeias urbanasLi no "Expresso" o trabalho de Raquel Albuquerque e Paulo Buchinho sobre as "Cidades de 15 minutos", conceito defendido por Carlos Moreno, urbanista e professor na Sorbonne.
Júlio Machado VazPerguntem à AliceA Santa Casa da Misericórdia de Pinhel partilhou o vídeo do reencontro de um casal que um internamento hospitalar separara durante um mês. Uma imagem vale mais do que mil palavras, quem se atreveria a contrariar Confúcio? Os beijos, afagos e sorrisos não mentem - presenciamos um momento de absoluta felicidade.
Júlio Machado VazDiário de um neuróticoO Benfica encaixou três golos sem resposta no Bessa. Durante anos o meu comportamento durante os jogos deixou muito a desejar, sobretudo no que ao vernáculo diz respeito.
Júlio Machado VazPara lá do calendárioNão fui a Cantelães. Médico, nenhum compromisso profissional me exigia lá. Vieirense de adopção, residente numa área de risco elevado, receei assustar quem me acolheu como filho da terra.
Júlio Machado VazOs (outros?) filhos de DeusHá quase trinta anos entrevistei dois homossexuais seropositivos na RTP. De costas e com vozes distorcidas, por receio da discriminação, em particular laboral. Durante a conversa surgiram os termos "casal" e "família", o que transformou o programa num dos que geraram mais cartas de protesto ao longo do Sexualidades, muitas pessoas sublinhavam que eram conceitos reservados a pessoas normais, ou seja, heterossexuais.
Júlio Machado VazDa OCDE a GedeãoO dr. Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos, teve a gentileza de me enviar o Relatório sobre Impacto Socioeconómico e Saúde Mental, de seu nome Crise Económica, Pobreza e Desigualdades.
Júlio Machado VazA verdadeira razãoEste agnóstico lê religiosamente a prosa do Anselmo Borges. No seu último artigo abordou um naco da minha. Além das informações sobre a Old Lives Matter, mencionou duas perguntas: "Estaremos condenados a olhar com angústia o tempo suplementar de que dispomos, oferecido pela ciência e por estilos de vida mais saudáveis? Não apenas pelos achaques normais da idade, mas por força de uma sociedade que recusa a cidadania plena a gentes cujas rugas invadem a pele e, por vezes, dramaticamente!, os neurónios, mas não o coração"?
Júlio Machado VazOs dias de…À Dona Maria José e a todos os outros. Escrevo no Dia Internacional da Pessoa Idosa. "Os dias de..." presenteiam-me com um travo de culpa e desilusão.
Júlio Machado VazEspaços e distânciasEnroscado na carinhosa hospitalidade da Herdade do Sobroso espero o Zé. Ele e a tribo adoptaram-me desde a primeira visita à Taberna das Quartas-Feiras em Évora. Trata-me por menino e exige a minha presença duas vezes por ano, tenho um quarto não merecido no seu coração.
Júlio Machado VazA verdadeira perguntaO anterior primeiro-ministro australiano revoltou-se contra a "ditadura sanitária" da era covid pelas suas consequências económicas ("Guardian", 2 de Setembro). Sugeriu autorizar as famílias a pensar se não seria justificado deixar morrer os idosos infectados, "deixando a natureza seguir o seu curso". Mais informou que cada ano de vida extra para os mais velhos custa à Austrália cerca de 100 000 libras, verba superior às que o Governo paga por medicamentos que salvam vidas. E culpa o clima de medo em que vivemos, pois impede os governos de colocarem a questão - "quanto vale uma vida?".
Júlio Machado VazMuralhas tristes e Pink FloydA Inês Cardoso explanou ontem as linhas mestras do meu pensamento sobre a Educação para a Cidadania e o Desenvolvimento, cujo carácter obrigatório preocupa alguns, por ameaçar o dever e direito de pais e mães escolherem "o género de educação a dar aos seus filhos". Limito-me a um par de notas.
Júlio Machado VazAmanhã é o primeiro dia do resto da sua vidaNum Tempo Que Passou, estava em Lisboa a gravar o "Sexualidades" e alguém me entregou uma carta. Familiar, no plural, qualquer coisa do género "vemos-o-programa,-vens-jantar-cá-a-casa?."
Júlio Machado VazOs receios de FranciscoFrancisco não precisou da inspiração divina ou de Nostradamus para manifestar as suas preocupações, o mais elementar bom senso lhas impôs.
Júlio Machado VazDa Cabreira a Chico BuarqueHá dias, a Paula Ferreira escrevia sobre uma reunião familiar na Cabreira, iria estilhaçar-se um ritual de 30 anos? Eu e a tribo acoitados lá, consultei o espelho - mesmo sem beijos e abraços, sendo o geronte anfitrião, que mensagem transmiti? Coragem? Inconsciência? Fadiga do estado de alerta?
Júlio Machado VazPandemia, Clarice, José…Cinco meses chegaram para discernir algumas linhas de força nos relatos que me confiam. Hoje, falarei de duas, com a ajuda de Clarice Lispector e José Saramago.
Júlio Machado VazNum ecrã perto de siO "La Vanguardia" citava um estudo do portal americano Convenant Eyes, de 2015: nove de cada dez rapazes e seis de cada dez raparigas tinham visto pornografia online antes dos 18 anos; em média, o primeiro contacto dava-se por volta dos 12; 71 por cento dos adolescentes escondiam as pegadas digitais da vigilância parental.