Nos dias que correm está super na moda falar em fazer coisas fora da caixa, ter ideias fora da caixa. Como também não podia estar mais na moda gostar da nova vida da Baixa do Porto, adorar lá andar a passear, às compras, a jantar e a beber um copo pela noite dentro ou muito simplesmente... a ver o movimento. Admito que possa ser considerado apenas mais um desta "corja", (como agora alguns nos tratam), mas na semana passada fui conhecer um espaço que, na verdade, é um surpreendente conjunto de espaços, que é verdadeira e realmente a primeira grande coisa que conheço fora da caixa na Baixa do Porto.
Quem passa pela Rua do Ateneu Comercial do Porto, no centro da cidade, está longe de imaginar o que se passa dentro do seu número 13. Mas garanto que é uma sorte poder ter uma coisa assim no meio da capital do Norte.
Chama-se Zero Box Lodge, nasceu a 27 de novembro e está longe - a uma larga distância - de ser apenas mais um dos muitos hotéis que brotam na Invicta como cogumelos.
Dizer que foi junto a este edifício que foi gravado, em 1898, o primeiro clip de vídeo na cidade do Porto a propósito da saída dos trabalhadores da então fábrica de camisas Confiança já servirá de bom prenúncio... mas há muito mais para ver.
Depois de acolher uma das mais reputadas fábricas de camisas do país, este edifício foi sede de vários bancos (Banco Mello e Millennium bcp). Aliás, esse passado é um dos grandes trunfos para o futuro do Zero Box Lodge. A antiga caixa-forte do banco foi mantida e dá agora lugar ao BIG BAD BANK: um espaço todo alcatifado com ilustrações alusivas à cidade do Porto do pintor Diogo Munõz e onde os mais rebeldes podem ainda assaltar os milhões de dólares zero (em homenagem ao nome do hotel) que revestem as paredes laterais do espaço.
Controlo do ruído, iluminação e temperatura são as premissas para uma boa noite de sono neste Zero onde não há janelas na maioria dos 78 quartos disponíveis e onde se comunica com o pessoal do hotel por WhatsApp [em detrimento do habitual telefone]. A ideia é que os visitantes passem o menos tempo possível no quarto e se percam pela cidade (começando pelas áreas comuns do hotel). Se bem próximo do check-in se surpreender com alguém a dormir numa cama confortável, não estranhe: trata-se do free room do Zero Box Lodge. Qualquer pessoa pode pernoitar gratuitamente neste espaço e em troca oferecer uma contrapartida artística ou cultural ao hotel.
Arte é o que se respira em todas as áreas deste novo hotel. Desde o piso térreo, onde pode tomar o pequeno-almoço das 7 até às 19 horas até ao "O Carniceiro", o restaurante de carnes portuguesas com corte tradicional conceptualizado pelo chef Hugo Rios de Castro. O quinto piso do hotel está destinado a refeições mais ligeiras ao som de boa música ambiente. Tão boa que, se não gostar do que está a ouvir, pode ativar a music box e escolher, pela sua mão, uma das dezenas de músicas portuguesas disponíveis.
Quando o calor apertar, é só subir mais um vão de escadas e sentir o sol bater no rosto no ROOF TOP. Com vista sobre o centro da cidade, o terraço do Zero convida a um cocktail fresco servido no barco transformado em bar ou ainda a mergulhos num dos dois tanques disponíveis. Se se atrever a tanto não se esqueça de levar o kit de mergulhador disponível em cada quarto para os tanques. A cada mergulho vai poder ouvir um pouco de música: clássica ou heavy metal. É só escolher! Para alguns, o melhor elogio que tem sido feito é dizer que um espaço como este Zero podia ser em qualquer capital do Mundo, de Londres a Nova Iorque, Paris ou Roma. Para mim, o grande feito é o Porto já poder ter um espaço destes!
*Empresário