Miguel Conde Coutinho#fanatismoserenoNão sabia o português tão fanático das esplanadas, mas suponho que seja um subproduto nascido da proibição.
Miguel Conde Coutinho#pobrepaísResulta evidente que no país pobre que se dá ao luxo de atirar milhares de milhões para empresas falidas - TAP - , de vender ao desbarato empresas milionárias - EDP, REN ou ANA - e de forçar os contribuintes a um sacrifício fiscal temporário permanente, é insultuoso que seja motivo de uma crise de egos uma pequena ajuda a quem mais dela precisa, no momento em que mais precisa.
Miguel Conde Coutinho#110eurosHá alguma coisa de fundamentalmente errada quando o martelo das Finanças, do Estado ou da Autoridade Tributária esmaga sem contemplações cidadãos e pequenas empresas ao mais pequeno deslize ou atraso - a ponto de as envergonhar publicamente por pequenas dívidas -, e se transforma em gelatina inofensiva quando é preciso enfrentar grandes interesses.
Miguel Conde Coutinho#desconfiamentoTenho a muito dececionante mania de confiar nas instituições primeiro, embora seja grande adepto do reclamar depois.
Miguel Conde Coutinho#professoraCátiaPara os pais que passaram estas últimas longas semanas a lidar em simultâneo com o teletrabalho, a escola à distância e o rápido esboroar do ânimo e saúde mental de toda a família, talvez a única ligação a solo firme tenha sido - para nos ir salvando da incerteza que nos minou os dias -, um bom professor.
Miguel Conde Coutinho#confinamentoSe olhássemos o Mundo como o Frederick Wiseman enquadra tudo, não sei se tudo isto não seria mais fácil.
Miguel Conde Coutinho#éprecisoumplanoMarcelo Rebelo de Sousa fez o seu resumo da situação em que estamos atualmente: muito melhor, mas não o suficiente; todos sabemos que é fundamental reabrir o país, mas não agora; queremos, mas não podemos.
Miguel Conde Coutinho#daquia1anoDaqui a um ano - dois anos depois da covid-19 entrar em Portugal -, pouco vai estar diferente no quotidiano. A pandemia continuará a fazer vítimas, individuais e sociais, e a perturbação diária continuará a ser uma normalização diária, acompanhada de máscaras, desinfetante, teletrabalho, pouca vida comunitária e o mesmo medo familiar.
Miguel Conde Coutinho#eujásabiaNão sou grande adepto de me repetir, mas por vezes é irresistível. A 5 de setembro, escrevi nesta coluna: "A covid-19 regressará para acrescentar confusão ao caos e mudar diariamente prioridades, até que a prioridade volte a ser a pandemia. Não teria de ser assim, mas é assim que será".
Miguel Conde Coutinho#depoisseveráA necessidade de impor o fecho das escolas significou um fracasso coletivo nacional e foi a demonstração cristalina do ser-se português no fazer frente à pandemia: depois, logo se vê.
Miguel Conde Coutinho#infovacinaçãoHá poucas coisas mais importantes do que o processo de vacinação contra a covid-19 em Portugal e fico pasmado com a falta de informação extensa sobre a execução do plano definido.
Miguel Conde Coutinho#portuguesesEu sou português e não tenho culpa de nada, não sou responsável nem responsabilizável, ando na rua como se a rua fosse minha e não de todos, de todos os culpados, que são todos os outros e nunca eu.
Miguel Conde Coutinho#vacinem-seO presidente da República, o primeiro-ministro, a ministra da Saúde e os seus adjuntos, a diretora-geral da Saúde e o seu gabinete, o responsável pelo plano de vacinação covid-19 e todos os que têm responsabilidade na condução do combate à pandemia já deviam estar há muito vacinados.
Miguel Conde Coutinho#eleiçõesSó admite o adiamento de eleições um político que não aprecia a democracia e vê o ato eleitoral como um aborrecimento. E que se coloca ao lado de muitos nas redes sociais que desvalorizam a campanha eleitoral e a consideram uma regalia dada aos candidatos, como se as eleições não fossem um privilégio de todos.
Miguel Conde Coutinho#presidenciaisRestam poucas dúvidas de que nas presidenciais haverá recorde de abstenção, por várias razões: Marcelo tem a vitória assegurada (embora arrisque uma segunda volta); a pandemia não vai dar tréguas durante muito tempo; mantém-se a convicção nacional de que a Presidência da República é uma instituição com pouca relevância prática; e não esqueçamos o principal fator, que é esta pobre coleção de candidatos, incapaz de entusiasmar para além dos mais fervorosos apoiantes.
Miguel Conde Coutinho#animaisCaçar de barriga cheia parece-me uma contradição insanável, a não ser em circunstâncias rigorosamente bem definidas.
Miguel Conde Coutinho#improvisaçãoSe Portugal fora como o Miles Davis, não me importaria a alegada incrível capacidade de improvisação que habitualmente celebramos.
Miguel Conde Coutinho#tristehistóriaNos CTT o vidro embaciado era a fronteira para uma entrada no Portugal de hoje. Mascarado, mas sem grande respeito pelas regras (acumulavam-se clientes e ninguém controlava entradas); aparentemente organizado, mas pouco eficiente; pessoal simpático, mas fechado dentro dos seus próprios dramas.
Miguel Conde Coutinho#arrogânciaA linha entre a ignorância e a arrogância é muito ténue e os portugueses são particularmente cruéis e impiedosos com o erro, com a incapacidade temporariamente demonstrada.
Miguel Conde Coutinho#velhahistóriaViva Portugal, o país onde os deputados discutem contratos públicos como se não fossem para cumprir, onde o Governo assina contratos de 3,9 mil milhões como se fossem papéis para guardar, e os partidos brincam com o futuro do país como se o futuro não fosse de todos nós.
Miguel Conde Coutinho#maisRSIÉ uma falência moral e social ser motivo de contestação uma prestação social de solidariedade entregue a uma população extremamente desfavorecida. Usar pobreza como arma de arremesso retórico é a manifestação da miséria política, o sinal do desespero pelo poder, o símbolo de uma ganância sem escrúpulos por votos.
Miguel Conde Coutinho#eraprevisívelNo início de setembro, arrisquei fazer uma previsão sobre o que nos esperava nos meses seguintes. Talvez chamar-lhe risco seja demasiado - era fácil acertar.
Miguel Conde Coutinho#exceçãonormalÉ difícil defender isto, estando em causa uma crise sanitária, mas é preciso ser claro: a pandemia não pode ser uma via aberta para abusos democráticos sem real fundamento.
Miguel Conde Coutinho#efeitotrumpÉ possível que Joe Biden vença - seria um acontecimento que quase redimiria este maldito 2020 -, mas já ninguém resolve o Mal plantado no Mundo por quatro anos de Donald Trump na Casa Branca.
Miguel Conde Coutinho#cinemanacionalA questão é complexa, mas há coisas em que não devia haver dúvidas. Seria um erro desobrigar fiscalmente multinacionais de streaming em crescimento vertiginoso, cuja influência implica uma mudança tectónica no cinema e audiovisual em todo o Mundo.