Paula FerreiraA indiferença por BelémFaltam 20 dias para os portugueses escolherem o presidente da República.
Paula FerreiraO dia seguinteO princípio do fim ou o fim do princípio. Foi assim, a cada um sua leitura, olhado o início da vacinação contra a Covid 19 em Portugal e no resto da Europa. Garantida está, pelo menos, uma réstia de esperança para o ano novo que se aproxima e se deseja melhor, solar, aberto. Mas nada está garantido, muito pelo contrário.
Paula FerreiraA grande ameaça é outraO Mundo é global, a preocupação também. Chama-se SARS-CoV-2 e tudo ficou dependente do vírus: a vida familiar, a pequena comunidade onde vivemos, o nosso bem-estar mental e físico, a sustentabilidade do restaurante que sempre frequentamos e torcemos para que resista, a economia do país. Há quase um ano, entramos num túnel e continuamos a caminhar em busca de uma réstia de luz, como se para além do espaço que nos oprime tudo o resto deixasse de existir.
Paula FerreiraNão se confina a democraciaParece um dado adquirido para a maioria das pessoas, e até para os mais aguerridos críticos, ser mínimo o risco de contaminação pelo vírus SARS-CoV-2 no congresso do PCP, marcado para o próximo fim de semana.
Paula FerreiraComo se chega ao poder"Não me sinto vocacionado para condicionar o meu projeto político de governação do Açores com aproximação ao populismo". A declaração foi proferida por José Manuel Bolieiro, em entrevista à RTP, na sexta-feira anterior às eleições regionais açorianas.
Paula FerreiraViver é precisoDevemos continuar a ir ao teatro e ao cinema, mas ao mesmo tempo pedem-nos para cumprir o dever cívico de ficar em casa.
Paula FerreiraA democracia a ser testadaO Partido Socialista ganhou as eleições regionais nos Açores. Devia festejar. Não tem razões para isso. No seu último mandato - foi eleito pela primeira vez em 2012 -, Vasco Cordeiro corre o risco de não conseguir formar Governo. O mesmo aconteceu a Passos Coelho no continente, em 2015. Os papéis invertem-se, portanto. Enquanto no continente a Esquerda conseguiu fazer uma coligação parlamentar de apoio ao Governo de António Costa, no arquipélago dos Açores esta opção está neste momento do lado do PSD, se o socialista Vasco Cordeiro falhar a formação de novo executivo.
Paula FerreiraA ver passar os comboiosVoltei a subir o Douro de comboio num sábado de sol, reedição de uma viagem feita há décadas, noutras circunstâncias. O mesmo deslumbramento, um país diferente. Pior? Muito pior, se falarmos de transportes, se falarmos de comboios. Entre estas duas viagens, com um intervalo amplo, o que mudou? Tanto e sempre com prejuízo para as pessoas. Assistimos a uma destruição deliberada do transporte ferroviário, desinvestimento atrás de desinvestimento até tornarem os comboios inúteis, pela simples razão de não prestarem um serviço fiável.
Paula FerreiraA mais-valia da crisePoucos de nós terão memória de uma crise como a que estamos a viver. Arriscaria dizer: nenhum de nós viveu algo semelhante, porque nenhum país ficou imune. Acreditámos, por isso, que a tragédia que nos bateu à porta, sem aviso prévio, teria força suficiente para mudar o Mundo para melhor. Não foi preciso muito para perceber: tudo ficaria mais ou menos na mesma. Os factos estão aí a comprová-lo.
Paula FerreiraJogo de máscarasSó quem anda mesmo muito distraído poderá achar que a medida, anunciada ontem pela Direção-Geral da Saúde (DGS), acrescenta alguma coisa à maneira como nos relacionamos com este vírus instalado, há meses, nas nossas vidas.
Paula FerreiraSinais de esperançaEstamos à beira de um momento crucial na evolução da pandemia. Aqui ao lado, em Espanha, os peritos dizem que já se vive uma segunda vaga. Para aí caminhamos, certamente. Resta saber como vamos desta vez enfrentar o agudizar da crise. Com rigor, espera-se, mas sem pânico, com transparência e comunicação clara. É isso que se exige das autoridades, dos portugueses nada mais que consciência cívica.
Paula FerreiraTodos iguais, todos diferentesA clareza e a transparência são as únicas formas de comunicação em situação de crise. Dizer uma coisa hoje, outra diferente no dia seguinte, ter uma atitude em relação a um caso, outra em relação a algo semelhante, perturba, cria ruído e quebra a confiança. E é, sobretudo, de confiança que necessitamos neste momento.
Paula FerreiraO medo não pode ter tudoSomos humanos na exata medida em que nos relacionamos, estabelecemos relações sociais. Nunca tivemos dúvidas desta circunstância que nos diferencia dos restantes seres. Mas as coisas estão a mudar. O vírus, que nos apanhou de surpresa, mais do que a ameaça do risco de morte, parece roubar-nos a humanidade, uma longa história de partilha de afetos. Empurra-nos para a solidão, para um egoísmo securitário. Quantas vezes dou comigo, hesitante, sem saber o que fazer, sem ter a certeza se deva procurar aquela pessoa querida ou se ao fazê-lo estarei a causar um problema - a ternura a tornar-se ameaça.
Paula FerreiraLiberdade sob ameaça"Foi transportado num autocarro, escoltado por um carro policial com os rotativos ligados, para o hotel, ali chegado foi encaminhado para a zona do check-in, tendo-lhe sido atribuído o quarto, altura em que foi informado que não podia sair do quarto, onde teria de permanecer durante os próximos 14 dias. Foi informado que as refeições seriam fornecidas pelo hotel em três momentos definidos do dia, havendo duas alturas em que podia solicitar refeições/snacks adicionais. Acatou o que lhe foi indicado, verificando que havia um agente da PSP à porta de entrada do hotel".
Paula FerreiraA vida a perder-seViajar para Marraquexe, Casablanca ou Fez não é possível desde o início desta semana. O medo da propagação do novo coronavírus levou as autoridades de Marrocos a isolar oito cidades.
Paula FerreiraQuanto vale a vida de um homem negro?Um homem morreu, abatido à queima-roupa com três tiros disparados por outro homem. O crime aconteceu num início de tarde de verão, num sábado, numa rua deste país de brandos costumes. Dizem testemunhas, ouvidas pelos órgãos de Comunicação Social, que o agressor antes de disparar, com a sua arma ilegal, terá dito à vítima para ir para a terra dele. As autoridades, no entanto, afirmam que as testemunhas quando inquiridas não referiram motivações racistas.
Paula FerreiraA cigarra e os frugaisÉ ingrata a tarefa de António Costa. Num roteiro pelos países mais resistentes a abrirem os cordões à bolsa, o primeiro-ministro tem a árdua tarefa de convencer os seus dirigentes, pressionados pelas opiniões públicas locais, de que as verbas destinadas a Portugal serão aplicadas bem e com rigor.
Paula FerreiraA verdade na pandemiaA dúvida de que os números da Direção-Geral da Saúde sobre a pandemia não correspondem à realidade - ou pior, são subavaliados -, pode ser mortífera na relação de confiança necessária, numa crise com esta dimensão, entre os cidadãos e as autoridades sanitárias.
Paula FerreiraO vírus de quem trabalhaUm vírus democrático que afeta todos por igual. Assim o mundo olhava para o novo coronavírus, no início da pandemia. Nada mais falso. Essa ideia criada, quando a maioria se confinava em casa, depressa se revelou enganosa. Como o tempo veio demonstrar, este e outros vírus afetam sobretudo os que vivem em casas sobrelotadas, sem condições básicas de higiene, os que são obrigados a sair todos os dias e usar o autocarro, o metro ou o comboio, haja condições para praticar o distanciamento social ou não, quem tem, em suma, de trabalhar fora de portas para sobreviver. São estes os mais afetados pelo vírus, que poupa quem pode deslocar-se para o trabalho em viatura própria ou simplesmente ficar em teletrabalho. Seja qual for a opção, o salário cai na conta no final do mês. Por outro lado, afeta mais as regiões cujas periferias são constituídas por aglomerados de prédios, sem mais nada, ou casas abarracadas.
Paula FerreiraO novo anormalIa ficar tudo bem, nada voltaria a ser como antes, disseram-nos. Mentira. Vai ficar tudo bem, apenas para alguns. Ficará tudo muito pior para os do costume. E nada vai mudar que mereça a pena ser assinalado, a não ser em cada um de nós, dependendo da forma como vivemos interiormente estes tempos tão estranhos cujo fim não se vislumbra sequer.
Paula FerreiraA história do banco mau não tem fimO presidente da República ficou estupefacto com a revelação de o Novo Banco precisar de mais dinheiro do que o inicialmente previsto. Ficou Marcelo e, com certeza, muitos outros portugueses. A notícia chegou via rádio, no início da tarde de domingo. Em entrevista à Antena 1, António Ramalho anunciou com grande naturalidade: ao banco não bastaria a verba acordada no contrato de venda. Uma declaração feita no dia anterior à tomada de posse de João Leão, o novo ministro das Finanças, que substitui Mário Centeno - de saída por razões não tornadas públicas, mas que a questão do Novo Banco tornou pelo menos desconfortável a sua continuidade.
Paula FerreiraA anormalidadePortugal entrou na segunda fase de desconfinamento. Os alunos do 11.oº e 12.oº anos regressaram à escola; as creches reabriram para os pais deixarem as crianças e poderem ir trabalhar; restaurantes e cafés voltaram a servir clientes, apenas com metade da capacidade, e uma segunda vaga de lojas relança a vida nas ruas das cidades. É o lento despertar da normalidade para os que vivem a vida como ela é.
Paula FerreiraO medo no regresso às aulasNa próxima segunda-feira, os alunos do 11.º e 12.º anos deveriam regressar à escola, de forma parcial.
Paula FerreiraAlegria confinadaEsta será uma semana decisiva. O Executivo reúne-se hoje com o Conselho Nacional de Educação e peritos para avaliar as condições para retomar, ou não, as aulas. Quinta-feira saberemos.
Paula FerreiraViver sitiadoEm casa, agora. Trabalha-se, estuda-se, tenta-se ajudar a estudar, sobretudo, tenta-se acreditar que tudo isto pode ser vivido com o mínimo de normalidade. Não pode. Porque é difícil prever até quando durará o nosso estado de sitiados. Nem me atrevo sequer a ir ver o mar - o medo de encontrar alguém, tão negligente quanto eu, no caminho que serpenteia as dunas, obriga-me a ser consciente e permanecer em casa. Não por mim, pelos outros.