Opinião

Cidades que habitam Portugal

Cidades que habitam Portugal

Chegada ao Recife, avisto as ruas de casas coloridas construídas pelos portugueses entre inúmeras igrejas que se erguem pelas colinas de Olinda: sinto-me em casa.

Contendo a respiração, tento imaginar a nobre e esforçada gente que construiu esta cidade por entre uma mata frondosa que se ergue a partir do atlântico.

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Quando inicio reunião com a prefeitura, percebo o trabalho que têm em mãos na preservação do Recife Velho e a forma sensível, quase de bisturi, como pretendem recuperar as quadrículas de importantes edifícios portugueses nesse centro histórico, hoje ainda em mau estado.

Já tinha sentido o mesmo, quando, chegada a São Salvador da Baía, me deparei com o Largo do Pelourinho, que me deu a sensação de estar em Angra do Heroísmo. Todas aquelas coloridas fachadas debruadas a cores fortes contrastantes são arquitetura do casario de Angra. Na altura, fotografava casa a casa, rua a rua, porque também aí a Rua Direita surgia, tentando articular toda a morfologia urbana da velha cidade onde os portugueses encontraram o Brasil.

Chegada a Curitiba, à cidade contemporânea planeada sob a influência de Lerner e sob o "Olho" do Museu de Niemeyer, continuo a ver a força de Portugal nas pedras do Marco Zero e nos edifícios que o envolvem, convidando técnicos do nosso país, para lhes falarem das cidades portuguesas.

Em todas estas cidades se constata a forma calorosa como a comunidade portuguesa de alma lacrimejante, nos recebia, em abraços de saudade.

Nesta estadia, senti que o tempo e a geografia não nos separaram, que temos de nos encontrar mais e reinventar modelos de trabalho comuns. Afinal, somos o mesmo país.

* Especialista em Mobilidade Urbana

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