Na passada semana, participei, em Leipzig, na Assembleia da Eurocities, numa iniciativa que possibilita sempre uma excelente partilha de experiências entre territórios com uma enorme diversidade de contextos.
Como habitualmente, a reunião da rede das principais cidades europeias - que agrega quase 200 membros de 38 países - envolveu também a realização de vários painéis de debate, em que intervieram responsáveis locais, representantes de organizações internacionais (como a OCDE ou diferentes ONGs), Parlamentares e Comissários Europeus.
Invariavelmente, as intervenções versaram as exigências da recuperação económica, os compromissos com a transição verde e a adaptação às alterações climáticas, os desafios da captação e retenção de talento, a salvaguarda dos valores democráticos inerentes ao projeto europeu (perante riscos que se agravam na Hungria e emergem de forma veemente na Polónia).
Assente em evidências e iniciativas concretas, que se entrecruzam em todo o espaço europeu, sobressaiu o crescente papel das autoridades locais na concretização de cada um desses objetivos; a importância de um alargamento dos processos de descentralização sustentada; a exigência de um acesso direto ao bolo do financiamento comunitário por quem pode desenvolver políticas mais efetivas, pela proximidade e pela capacidade de mobilização dos interlocutores locais.
Em Glasgow, os principais líderes mundiais e representantes de um amplo leque de organizações, prosseguem a discussão em torno dos desafios da sustentabilidade do Planeta, na COP26 - a 26.ª Cimeira sobre o Clima promovida pelas Nações Unidas.
Sob uma ampla cobertura mediática, e perante a ausência de importantes protagonistas (com destaque para China, Rússia e Brasil), perpassa um mesmo espírito de convergência, mas um muito menor sentido de conseguimento do que aquele que presenciei em Leipzig.
A questão não se circunscreve ao facto de em Glasgow as cidades terem um papel claramente secundário, mas antes à constatação de que, volvidos todos estes anos, a questão climática ainda surgir como um tema quase exótico para a esmagadora maioria dos cidadãos.
Podemos ver milhares de jovens a seguir os reptos de Greta Thunberg, milhões a desfilar nas ruas e cada vez mais pessoas a exercitar de diferentes formas a sua consciência ambiental.
Mas, enquanto esta não for uma causa global, todo e qualquer sucesso estará comprometido. Porque, ao contrário da salutar concorrência entre cidades, aqui ou saímos todos vencedores ou vencidos.
*Presidente da Câmara de Braga