O ex-ministro socialista Luís Amado insistiu na sexta-feira na necessidade de estabilidade social e política na situação que o país atravessa, defendendo ainda um "grande compromisso" entre as forças políticas em relação às questões estratégicas nacionais.
Luís Amado apontou os "aspetos mais críticos da situação portuguesa" e os "problemas que precisam de particular atenção", durante uma conferência na sexta-feira à noite, perante os alunos da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide.
O ex-ministro de José Sócrates apontou, neste contexto, "o problema da estabilidade social", "política" e "governativa", dizendo que "é bom lembrar" que Portugal tem neste momento uma coligação no executivo.
"Porque a um país dependente dos mercados, do financiamento de longo e médio prazo, não basta ter uma maioria, tem de ter um sistema político estável que garanta a estabilidade das responsabilidades que assumimos perante credores. Quem empresta dinheiro a 10 e a 20 anos quer saber se o Governo que vem a seguir vai pagar. Isso pressupõe que haja uma matriz de estabilidade muito mais alargada para um país com elevado endividamento como é nosso e com um problema de financiamento externo", afirmou.
Amado lembrou, a este propósito, que "o PSD precipitou a crise ao recusar o PEC".
"Vimos o que aconteceu a seguir. O pedido de resgate foi provocado por uma crise política. Também foi provocada pelo PSD. Eu não gostaria que o meu partido provocasse uma crise politica que agravasse as condições de estabilidade necessárias para garantir ao pais o financiamento de que tem absoluta necessidade ao longo dos próximos anos", sublinhou
Para Amado, uma "sociedade tão desequilibrada do ponto de vista externo", como é a portuguesa, "exige uma estabilidade política ampla nas grandes questões estruturais", que "devem ser o mais profundamente e largamente acordadas".
É isso que deve acontecer, defendeu, em relação ao futuro de Portugal na Europa, para o qual deve "haver um grande compromisso".
"É muito importante que os principais partidos portugueses, sem exceção, se procurem entender sobre o modelo que favoreça a inserção de Portugal na nova arquitetura e realidade europeias que está em gestação", acrescentou, referindo que os pactos orçamentais europeus deverão ser ratificados ao longo dos próximos meses por países como a Alemanha e a França.