Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, criticou, este domingo à tarde, o PS pela "deriva de radicalismo" quando dá sinais de que irá votar contra o Orçamento de Estado, acusando António José Seguro de demonstrar uma falta de "estofo de estadista". De sua parte, repetiu o desafio já feito pela direção do PSD para que Seguro apresente alternativas e rejeitou as críticas de Bagão Félix.
Numa conferência de imprensa realizada no Porto para reagir ao discurso de António José Seguro, o presidente da bancada social-democrata afirmou que quem "viu e ouviu" o secretário-geral socialista "fica com a sensação de que a sua posição está tomada": a de votar contra o Orçamento para 2013.
"Acredito que essa sensação possa ser contrariada nas próximas semanas", disse, porém, acusando o PS de "fugir às responsabilidades". Ou seja, que Seguro recue desta "deriva de radicalismo que parece ter afetado a sua postura", depois de uma "aproximação" a outros partidos de posição "radical" como "o PCP e o BE".
"É neste momento que fica claro quem tem estofo de estadista", disse Montenegro, considerando que o PS não quer ser "cúmplice deste Governo" mas "é cúmplice e co-autor das opções de governos anteriores". E, "se Sócrates e o PS governaram como se não houvesse futuro, António José Seguro e o PS fazem hoje oposição como se não existisse um passado", atirou.
O líder parlamentar repetiu o desafio lançado na véspera por Jorge Moreira da Silva, vice-presidente do PSD, para que o PS apresente uma medida "concreta" alternativa às que Passos Coelho anunciou, nomeadamente a do aumento da contribuição à Segurança Social. E pediu a Seguro que coloque o interesse do país "acima do populismo".
"Qual é a medida alternativa que preconiza para poder ultrapassar o veto do Tribunal Constitucional e manter as metas orçamentais e manter efeito positivo na economia e na criação de emprego", perguntou.
"Quem quer antecipar uma rutura política desta dimensão não pode refugiar-se" na retórica de um mero "partido de protesto", afirmou ainda.
Montenegro recusa que haja inconstitucionalidade na nova medida anunciada, considerando que a proposta do Governo cumpre "todas as normas da Constituição" e o "sentido do acórdão" do Tribunal Constitucional.
Rejeitando as críticas feitas, este domingo, por Bagão Félix, diz que "do ponto de vista da Segurança Social, a opção do Governo garante a sua sustentabilidade".
Questionado sobre se o Governo avançará este ano com mais austeridade, não excluiu outras medidas, remetendo para o discurso do primeiro-ministro, segundo o qual novas medidas poderão surgir após a quinta avaliação da troika.
Por fim, instado sobre se as medidas são temporárias ou definitivas, insistiu em adiar os comentários: "temos de aguardar pela proposta definitiva".