Ferreira Dinis disse estar envolvido no caso Casa Pia por saber de mais. No dia em que os arguidos quiseram prestar as últimas declarações, e foi marcado o acórdão para 9 de Julho, o médico lançou suspeitas sobre a ligação de um político a um traficante de droga.
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"Estou a ser julgado porque sabia demais sobre o consumo de cocaína por parte de políticos, magistrados e líderes de grupos de media. Sabia de mais e precisava de ser aniquilado". Foi desta forma que Ferreira Dinis justificou, ontem, em tribunal, a sua "aparição" no processo Casa Pia. O médico acusado de abusos sexuais surpreendeu os presentes com as suas declarações, num dia em que todos os arguidos quiseram falar.
Ferreira Dinis acrescentou mesmo que, sendo médico de um dos "grandes traficantes de droga do país", o sigilo profissional não lhe permite alongar-se em esclarecimentos, mas asseverou: "Fui avisado por ele quatro dias antes de ser detido. Ele disse-me que eu precisava de ser abatido", realçou, destacando que o seu paciente está foragido. E acusou: "O dealer foi ajudado por um dirigente de um partido político português para fugir do país", disse, escusando-se a avançar com nomes.
As declarações motivaram, de imediato, uma reacção por parte de José Maria Martins, advogado de Carlos Silvino, que pediu que fosse extraída uma certidão e que ela fosse enviada para a Procuradoria Geral da República, para que ser investigada.
Na sessão com o número 456, Carlos Silvino, "Bibi", quis salientar que a Casa Pia lhe "destruiu a vida", "Fui um escravo, eu e muitos. Fomos carne fresca no tempo do Marcelo Caetano, para médicos, juízes e doutores", disse, avançando não ser " homossexual, nem pedófilo", mas admitindo que se "descaiu com alguns rapazes". Os restantes arguidos voltaram a reiterar inocência e a solicitar a absolvição. O colectivo de juízes, presidido por Ana Peres, agendou, a leitura do acórdão: próximo dia 9 de Julho. O caso começou a ser julgado em 25 de Novembro de 2004.
