Graça Machel é a terceira mulher de Nelson Mandela e que o acompanhou nos últimos anos de vida. Mandela foi casado, primeiro, com Evelyn Mase (1944-1957), e depois, com Winnie Mandikzela (1958-1992).
Corpo do artigo
"Estive muito próxima do poder, tendo estado casada, primeiro, com Samora Machel e, depois, com Nelson Mandela. Conheço o que é exigido de um presidente e não gosto disso. Não gosto, sinceramente. Não tanto pela exigência física ou intelectual, mas sobretudo pelo jogo em causa. O jogo político... Talvez eu saiba de mais. Procuro ser eficiente no meu modesto papel e sinto-me bem. Prefiro gerir as coisas assim".
As palavras são de Graça Machel e foram proferidas em Maio de 2008, a propósito do 90º aniversário de Nelson Mandela, com quem se tinha casado em 1998, no dia do aniversário do dirigente sul-africano. Graça Machel enviuvara em 19 de Outubro de 1986 do primeiro marido, o presidente Samora Machel de Moçambique, morto num acidente de aviação.
O consórcio com Graça Machel foi o terceiro casamento de Mandela, que já se tinha casado, primeiro, com Evelyn Mase (1944-1957), e depois, com Winnie Mandikzela (1958-1992).
Evelyn Mase, que falecera em 30 de Abril de 2004 de uma doença respiratória, passou grande parte dos últimos anos de vida a trabalhar como missionária Testemunha de Jeová. Manteve o nome Mandela mas, em finais da década de 1990, casou-se com o empresário aposentado Simon Rakeepile.
Um ano após o divórcio de Evelyn Mase, Mandela casou-se com Winnie, assistente social, que esteve a seu lado durante 27 anos de prisão, tornando-se figura estimada do Congresso Nacional Africano (ANC). Dois anos após a libertação de Nelson Mandela, em 1990, divergências políticas levaram o casal à separação, divorciando-se posteriormente.
Nascida em Moçambique em 1946 e licenciada em Letras pela Universidade de Lisboa, Graça Simbine, foi professora no seu país, onde se destacou como membro activo da Frente de Libertação de Mocambique (FRELIMO). Em 1975, após a independência da antiga colónia portuguesa, Graça assumiu funções de ministra da Educação e Cultura e tornou-se membro do Comité Central da FRELIMO. O seu trabalho ministerial destacou-se no período de 1983-1989, quando a escolarização infantil em Moçambique cresceu de 40% em 1975 para mais de 90% (de rapazes) e 75% (de raparigas) em 1989. Em 1994, foi nomeada presidente da Comissão de Estudos das Nações Unidas sobre o Impacto dos Conflitos Armados na Infância, tendo apresentado em 1996 um relatório decisivo para alterar as políticas dos governos e a perspectiva da sociedade civil sobre a protecção integral da infância nos países em guerra. Em 1998 foi nomeada delegada de UNICEF à conferência do Zimbabwe e presidente da Comissão Nacional da UNESCO.
Graça Machel preside actualmente ao Gavi Fund Board, órgão financiador da Global Alliance for Vaccines and Immunication (GAVI), organismo internacional dedicado a facilitar o acesso à vacinação das crianças dos países mais pobres. Também é fundadora e presidente da Fundação para o Desenvolvimiento da Comunidade (FDC), primeira instituição criada em Moçambique para contribuir para o desenvolvimento, a democracia e a justiça social, erradicar a pobreza e potenciar, à escala local, as capacidades das comunidades mais desfavorecidas, reforçando especialmente e papel das mulheres e dos jovens através da educação e da formação.
O percurso cívico e político de Graça Machel tem sido reconhecido internacionalmente, conforme atestam as distinções que lhe foram conferidas. Entre elas, destacam-se o Prémio para a Liderança em África da Supressão Permanente da Fome (1992); a Medalha Nansen da ONU pelos seus trabalhos em defesa dos direitos humanos, sobretudo de crianças refugiadas (1995) e o Prémio Norte-Sul do Conselho da Europa (1998). Em 1998, partilhou o Prémio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional com Fatiha Boudiaf, Rigoberta Menchú, Fatana Ishaq Gailani, Somaly Man, Emma Bonino e Olayinka Koso-Thomas pela luta em defesa das mulheres.