Para que não haja dúvidas em relação ao assunto da semana passada, é necessário reafirmar que o Brasil não adiou para 2016 a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, como se divulgou, erradamente.
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O que o Brasil fez foi adiar a obrigatoriedade da adoção da nova grafia generalizada, cujo período de transição foi, esse sim, prolongado por mais três anos. Este adiamento passou a coincidir com o que sucede também em Portugal.
Assim, a senadora Ana Amélia (PP-RS), numa entrevista à Rádio ONU, esclareceu que essa "iniciativa servirá para harmonizar o processo da reforma com Portugal, que escolheu 2015 para finalização da entrada em vigor".
Ora, houve uma deturpação deste facto e muitos adiantaram, erradamente, que o Brasil tinha recusado a nova grafia. Trata-se, pois, de uma adulteração da informação, onde se confunde obrigatoriedade com entrada em vigor.
Esse adiamento compreende-se, tendo em conta a dimensão geográfica do Brasil que aproveitou o atraso de Portugal por razões técnicas. Na verdade, a preparação de manuais escolares, que tem vindo a ser feita de forma faseada em Portugal, também está a acontecer no Brasil, apesar de a maioria da sociedade brasileira já utilizar a nova grafia.
Face à recusa dos que ainda não tiveram o cuidado de aprofundar as regras do Acordo Ortográfico, limitando-se a difundir erros e deturpações das regras, acreditamos, pois, que o tempo ajudará a absorver a nova grafia.
E, nas escolas, os alunos aprendem pacificamente as novas regras, baseadas em explicações gramaticais sólidas e consistentes. Muitos ensinam aos pais e aos avós. E essa partilha é, desde logo, positiva, pela atenção dedicada à língua portuguesa, tantas vezes maltratada, mesmo por aqueles que a consideram um bem com direitos de exclusividade.
Sendo o português do mundo é também nosso e aceitá-lo é libertá-lo para que possa crescer. Assim um pai ama o seu filho.
* Professora de Português e formadora do acordo ortográfico