A utilização da palavra "presidenta" não é uma novidade trazida pela senhora Dilma Roussef.
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Na verdade, alguns dicionários editados em 1944 (o de Augusto Moreno) e em 1953 (o de Cândido de Figueiredo) registam essa palavra, embora fosse de cunho popular e, muitas vezes, usada de forma irónica ou pejorativa. Tal como "presidenta", também surgem os femininos "giganta" (de gigante), "hóspeda" (de hóspede). Há, pois, uma tendência generalizada para "feminizar" os nomes/substantivos provenientes do particípio presente latino que não variava em género: "amans", "amantis" (amante, que ama); "legens", "legentis" (lente, que lê); "audiens", "audientis" (ouvinte, que ouve). Assim, assistimos, nos dias de hoje, a um uso formal de "presidenta", embora a sua prática não seja consensual, podendo também dizer-se "o presidente"/"a presidente".
Por outro lado, verifica-se a existência de alguns casos excecionais - infante/infanta, elefante/elefanta, governante/governanta, mestre/mestra, monge/monja, parente/parenta. Existem outros finalizados em -nte, normalmente originários de particípios presentes e de adjetivos uniformes latinos, que mantêm a mesma forma para o masculino e o feminino, como, por exemplo, "o doente"/ "a doente", "o tenente"/ "a tenente", "o docente"/ "a docente".
* Professora de Português e formadora do acordo ortográfico
jn.acordoortografico@gmail.com