Projetado para facilitar o trabalho dos técnicos e proporcionar conforto aos utentes, sobretudo os que sofrem de Alzheimer, o Centro Bento XVI, ontem oficialmente inaugurado, tem capacidade para 60 doentes.
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A funcionar há um mês, o Centro Bento XVI, a primeira Unidade de Cuidados Continuados especializada em demências e acompanhamento de doentes de Alzheimer, foi ontem inaugurado oficialmente, em Fátima, pelo ministro da Saúde. O complexo, pioneiro em Portugal, foi construído pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP), custou 4,3 milhões de euros, recebeu uma comparticipação do Estado de 750 mil euros, e está preparado para se tornar num equipamento de referência a nível nacional na área do tratamento e reabilitação de pessoas com problemas de saúde mental.
O interior do edifício revela que tudo foi pensado ao pormenor em função das necessidades dos utentes. Os corredores são largos, os quartos espaçosos e modernos, o jardim interior integra um percurso sensorial - com vários tipos de piso, plantas rasteiras e aromáticas. Há zonas de repouso, onde os doentes e os técnicos podem trabalhar de forma reservada e descontraída, áreas de lazer, ginásios e até os vidros das portas são opacos para evitar reflexos que possam interferir com a serenidade dos pacientes.
Mas isto é apenas o pormenor arquitetónico. Porque, na verdade, o sucesso e a eficácia deste novo serviço dependem essencialmente do desempenho da equipa médica, técnica e auxiliar. E aí, o JN testemunhou jovialidade, disponibilidade para os utentes e uma grande vontade em ajudá-los a minimizar os efeitos da doença.
"De nada servia termos um embrulho muito bonito, mas um conteúdo fraquito. Por isso, a nossa preocupação é a qualidade. A ideia é fazer disto uma escola, para que os nossos técnicos possam ir aos lares ou às instituições particulares de solidariedade social ensinar a lidar com a demência", explica o administrador Joaquim Guardado.
Com capacidade para 60 pessoas - 50 comparticipadas pelo Estado na Rede Nacional de Cuidados Continuados - o centro acolhe já 27 utentes, de vários pontos do país. O mais novo tem 36 anos, o mais velho 95.
As áreas de formação são distintas, mas as enfermidades são comuns. Consoante o grau de demência, o internamento varia entre os três meses e um ano. Cada caso é um caso e o principal objetivo do tratamento é estabilizar e disciplinar o doente para que possa regressar a casa ou ao lar com melhores perspetivas de qualidade de vida.