A sintaxe de regência é a relação sintática de dependência que se estabelece entre o verbo - termo regente - e o seu complemento - termo regido - com a presença ou não de preposição. Assim, os verbos variam de sentido conforme a sua regência.
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Por exemplo, podemos dizer aspirar o ar do campo; aspirar ao primeiro lugar. Neste caso, os verbos apresentam um significado diferente. Porém, há aqueles que conservam o mesmo sentido, independentemente da regência: pensar num projeto/pensar sobre um projeto.
Vejamos, pois, a regência de alguns verbos: o verbo abdicar, com o significado de "renunciar a cargos, ao poder, a um direito", é regido pela preposição "de": O príncipe abdicou do título. Se significar "ceder o poder a alguém" é regido pela preposição "em": O príncipe abdicou no irmão.
Relativamente ao verbo afirmar, se tiver o sentido de "dizer com convicção", "assegurar", aparece associado a uma oração subordinada completiva: Afirmou que queria ser primeiro-ministro.Contudo, é regido pela preposição "por" se for pronominal e significar "ser reconhecido", "distinguir-se": A escritora afirmou-se pelo seu trabalho.
Atentemos no verbo aspirar. Ora, este verbo pode ser apenas transitivo direto, não necessitando de preposição, se for sinónimo de "respirar", "sorver": Adoro aspirar o teu perfume. Se o seu sentido for o de "desejar" ou "pretender" exige a preposição "a": A atleta aspirava ao primeiro lugar.
O verbo assistir pode ter três significados diferentes: "socorrer", "prestar assistência" (O massagista vai assistir o jogador); "caber", ou "pertencer" (Assiste-te o direito de responder); ou, então, "estar presente" (Vou assistir a uma peça de teatro). No primeiro caso, o verbo é transitivo direto e exige complemento direto; no segundo, é transitivo indireto, exigindo complemento indireto e, finalmente na última frase, exige a preposição "a": "assistir a".
* Professora de Português e formadora do acordo ortográfico