Quando comecei a escrever, não imaginava a importância que teria, nesse processo, o meu editor. Julgava que a escrita era obra exclusiva do escritor, um ato solitário e ausente de qualquer intervenção externa.
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Como estava enganada!
Soube-o no momento em que ele mostrou conhecer as minhas personagens tão bem como eu, quando começou a falar comigo sobre elas como se fossem reais, a sugerir caminhos, a dar-me sugestões. Mais importante se tornou, quando, entre períodos brancos, me impulsionou a escrever, me elogiou um recurso expressivo, uma frase ou uma palavra. Muito mais ainda, quando se tornou meu amigo, abrindo as janelas dos livros que devemos ler e dando-me a conhecer outros escritores.
O Pedro partiu e levou com ele as minhas personagens, as paisagens dos meus livros, a minha vontade de escrever. Foram com ele todos os recursos expressivos, a delicadeza das palavras, as analepses e as prolepses, as categorias da narrativa.
O meu editor era meu amigo e compreendia o que eu escrevia.
Julgo que todos os escritores deveriam ter um editor que fosse um grande amigo. Dessa cumplicidade nascem os grandes livros. Uns perdem-se nas estantes das livrarias, mas, alguns tornam-se grandes obras literárias.
* Professora de Português e formadora para a área da língua portuguesa
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