De modo a contribuir para a preparação dos exames nacionais, as próximas crónicas do JN do "Português Atual" darão conta dos respetivos conteúdos de 12º ano.
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Efetivamente, "Os Maias" aparecem estruturados numa feição trágica, no que diz respeito à ação principal.
Assim, o tema do incesto segue, desde logo, a tragédia Édipo, Rei de Sófocles. Além disso, tal como os heróis da tragédia clássica, Carlos e Maria Eduarda destacam-se dos que os rodeiam pelo seu caráter excecional e superior, tanto no que diz respeito à educação como à beleza.
A intriga tem uma feição trágica se tivermos em conta a aproximação dos protagonistas, uma vez que há uma aproximação predestinada de Carlos e Maria Eduarda. Daí Ega afirmar que estão ambos "irresistivelmente, fatalmente, marchando um para o outro". Além disso, a descrição da Toca corrobora a tragicidade dada ao romance.
A própria estrutura remete para características de uma tragédia. Assim, nessa vertente, a fuga de Maria Monforte com Tancredo seria o prólogo; o encontro de Carlos com Maria Eduarda, a peripécia; o adensamento dar-se-ia nas predestinações e relações entre as personagens; o reconhecimento seria feito progressivamente por Guimarães, Ega, Vilaça, Carlos e Afonso. A hybris, irracional resistência de Carlos em findar a relação, dar-se-ia na transgressão feita no cap. XVII. Finalmente a catástrofe, aquando da morte de Afonso da Maia.
* Professora de Português e formadora para a área da língua portuguesa
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