Sair das quatro paredes e ir para o jardim. Olhar os leitores nos olhos. Conversar com eles. Dar a cara. Humanizar.
Corpo do artigo
A primeira vez que dei autógrafos numa feira do livro, compreendi a importância do que escrevo para os outros, do que pode significar, na medida em que muitos se identificam, de algum modo, ou procuram respostas através da racionalização das palavras que coloco no papel.
Percebi que, quando escrevo, não estou sozinha. O que escrevo será partilhado, interpretado, sentido das mais distintas formas, consoante a pessoa que lê.
Na feira do livro, o escritor torna-se pessoa e deixa de ser o nome que aparece na capa. O leitor observa-o e namora-o, quantas vezes ao longe, e identifica-o com aquilo que ele escreveu e que o fez deslocar-se até ali para dele obter um autógrafo.
E quem escreve para crianças tem ainda um suplemento: o de poder ser fada, heroína, princesa. O de poder encantar alguém. O de poder ter magia e o de suscitar a admiração que faz brilhar os olhos e dar alegria de cada vez que se pega num livro.
Talvez por isso a feira do livro seja uma festa: aquela em que leitura abre o coração para que o leitor e o escritor se encontrem no meio do livro.
* Professora de Português e formadora para a área da língua portuguesa
jn.acordoortografico@gmail.com