Segundo Fernando Pessoa, para Ricardo Reis as coisas devem ser sentidas, não como são, mas de modo a integrarem-se num certo ideal de medida e regras clássicas.
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Efetivamente, este heterónimo constrói o seu estilo laboriosamente, imitando a perfeição do seu modelo literário, Horácio. Assim, é um poeta ressentido que sofre e vive o drama da transitoriedade, sofrendo as ameaças do Destino, da irreversibilidade do tempo e da morte. Como ele mesmo afirma, sente-se estrangeiro no mundo, daí que o seu prazer não se situe nos gozos materiais, mas na prática da virtude pelo domínio das paixões e pela supressão da dor.
Em conclusão, Ricardo Reis faz a apologia de uma das principais coordenadas do epicurismo: carpe diem, goza, frui, aproveita o dia.
* Professora de Português e formadora para a área da língua portuguesa
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