Álvaro de Campos revela, de facto, três fases literárias distintas.A primeira, segue a corrente decadentista, como se constata no poema Opiário, caracterizando-se pelo pendor voluptuoso, pela morbidez e a neuropatia. Além disso, tem características que denunciam um misticismo sensual e o gosto pelo macabro.
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A segunda fase, a futurista, decorre sob a influência de Whitman, e desenvolve-se no contexto da explosão dos tecnicismos, das descobertas científicas e tecnológicas. Álvaro de Campos manifesta-se um precursor da agressividade estética, valorizando o fenómeno das técnicas, como se pode constatar no poema Ode Triunfal.
Na terceira e última fase, aproxima-se de Fernando Pessoa ortónimo, caracterizando-se pela abulia, o cansaço, o abatimento e a melancolia.
Pode-se, assim, concluir que Álvaro de Campos é o heterónimo mais heterogéneo de Fernando Pessoa, passando por três fases distintas: a decadente, a futurista, e a "pessoal".
* Professora de Português e formadora para a área da língua portuguesa
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