Cada povo tem os governantes que merece. É uma frase antiga, mas sobre a qual valerá a pena determo-nos um pouco. Aparentemente, em determinadas circunstâncias como as que temos vivido em Portugal, é difícil que os melhores se sintam atraídos para a governação. As teias burocráticas dificultam a racionalização dos sistemas. Interesses instalados contrariam a eficácia de acções modernizadoras. A calúnia e a maledicência desincentivam os bem intencionados. As condições remuneratórias não são muito atraentes.
Mas, apesar disso, há aqueles que se dispõem a servir os interesses do país e da sua população. E esses merecem a nossa atenção, o nosso apreço e, nalguns casos, o nosso apoio. Claro que com eles se misturam, infelizmente, os que procuram servir-se. Cabe à população analisar os candidatos e os seus programas, tentando identificar os que melhor poderão governar.
E essa é uma tarefa que cabe a todos. Cada um tem o dever de participar na selecção, através do voto. Para que a escolha seja a melhor, todos devem participar. Caso contrário, todos ficam sujeitos a que uma segunda escolha se possa tornar primeira ou que um grupo minoritário possa assumir um papel crucial na governação. Cada um deve, portanto, assumir a sua responsabilidade, participando activamente na selecção, através do seu voto. Assim se poderão criar condições para uma forte representatividade dos interesses globais. Assim se poderá conseguir uma progressiva aproximação a um melhor modelo de governação.
E, mantendo-se atento, o cidadão comum sempre percebe no olhar dos candidatos, na sua expressão facial, naquilo que dizem e como o dizem, as intenções que poderão estar por trás do espectáculo eleitoral. Mantendo-se atento o cidadão percebe quem lhe oferece soluções mais harmoniosas e quem lhe oferece soluções mais radicais. Quem procura honestamente as soluções mais apropriadas e quem procura impor os modelos em que acredita. Quem parece conhecer os limites do bom senso e quem parece não olhar a meios para atingir os seus fins. Quem parece ser um normal utilizador da verdade e quem parece ser apenas um hábil argumentador. Quem tem a força interior para fazer acontecer as coisas no interesse dos cidadãos e quem a não tem ou a utiliza noutros sentidos.
Cada povo tem os governantes que merece. Todos se devem procurar informar e fazer a sua parte: votar.
