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A política é uma coisa em que todos nós temos razão. Na política é possível dizer e desdizer, provar uma coisa e o seu contrário. E até é possível, na luta pelo poder, crucificar quem estiver mais à mão. O Estado português foi obrigado a comprometer-se com um novo plano de austeridade para garantir o apoio de Bruxelas na luta contra a escalada de juros que afecta a dívida soberana. Teixeira dos Santos apresentou em Portugal o plano que José Sócrates negociou com Durão Barroso e com o BCE, informando-nos que as pensões ficavam congeladas nos próximos anos.
O ministro das Finanças revelou-nos esta medida no meio de muitas outras, mas foi nesta que se centraram as atenções pela simples razão de que há reformas inferiores ao salário mínimo. Atacados neste ponto, vários socialistas lembraram-se de ver no anúncio de Teixeira dos Santos "a comunicação mais desastrada e mais desastrosa" ou simplesmente "um equívoco".
O Governo não se deve ter lembrado que, além das boas pensões, há reformas de sobrevivência de 200 ou 300 euros e ao congelar "carapaus" também congelou "jaquinzinhos". Ainda assim, ver dirigentes socialistas crucificar o ministro Fernando Teixeira dos Santos como o político mais desastrado do hemisfério Norte arrepia. Pela falta de solidariedade, mas também pela falta de gratidão. É que o ministro das Finanças há meses que trabalha noite e dia para salvar o país da bancarrota e pode ser culpado de muita coisa, mas não foi ele que desenhou a estratégia seguida pelo PS na luta pela manutenção do poder. Aí, António Costa, como dirigente socialista, próximo de José Sócrates, tem por certo mais para dizer.