Corpo do artigo
Laico é quem não é religioso, mantendo independência relativamente às diferentes confissões religiosas. Não é a favor nem contra as religiões; respeita-as, não se envolvendo nelas, nem se deixando envolver. A França é um estado laico, pelo que parece razoável a recente proibição da utilização do véu integral islâmico nos espaços públicos. As mulheres muçulmanas não podem usar o rosto tapado na via pública, o que contrariaria as normas de segurança.
Portugal também é um estado laico, onde não se coloca esta questão devido ao exíguo número de muçulmanos no nosso país e à não utilização de tal peça de vestuário. Mas colocam-se outras questões.
A presença de símbolos religiosos nas escolas públicas, por exemplo, é algo que não faz sentido num estado laico, porque é uma forma de pressão sobre a população que as frequenta, nomeadamente as crianças e os jovens. As escolas do Estado não deveriam ter crucifixos pendurados nas paredes das salas de aula como ainda hoje acontece em muito sítios.
A existência nas forças de segurança (PSP, GNR e Forças Armadas) de padres católicos pagos pelo Estado também é um atropelo à laicidade do estado português. Trata-se, segundo notícias recentes, de 43 funcionários públicos que prestam apenas serviço religioso, o que aparentemente contraria a legislação em vigor.
Num estado laico, na Europa ou em qualquer outro continente, dever-se-á favorecer as atitudes razoáveis e flexíveis, no respeito pela diferença, evitando posições intolerantes, radicais ou obsessivas. Mas o aproveitamento ilegal ou o favorecimento encapotado de determinada religião - ainda que seja a predominante - é incorreto e deverá ser corrigido, em benefício de todos, dos próprios infratores, mas, sobretudo, do coletivo, ou seja, do país.