Um triste episódio (pois ver alguém expor a sua miséria é sempre constrangedor) perpetrado aqui, em pleno JN, impediu-me de assinalar a passagem de mais um aniversário do 25 de Abril. Faço-o hoje porque, mais do que nunca, o país parece estar, como se diz num recente manifesto, à beira de um "retrocesso civilizacional".
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Escreve Carlyle na sua "História da Revolução Francesa" que as revoluções são sonhadas por idealistas, realizadas por "fanáticos" e quem delas sempre se aproveita são os arrivistas de todas as espécies.
O que se tem passado em Portugal não é excepção. O regime evoluiu, nestes 37 anos, para "uma coisa em forma de assim" democrática onde, dos valores centrais que sobrevivem da unânime explosão de esperança de 1974, sobram pouco mais que restos nostálgicos e corrompidos.
Não sei até que ponto a responsabilidade caberá aos "arrivistas de todas as espécies" ou, pelo contrário, terá sido a corrupção de valores que lhes abriu as portas. O certo é que somos hoje um país menos livre, menos igual e menos fraterno do que éramos ontem, e ontem menos do que tínhamos sido anteontem. E que a intervenção financeira externa, que fará do tal "país com mais de 800 anos" um mero protectorado, irá agravar a situação até níveis intoleráveis.
O drama é que estamos metidos num nó górdio e, até onde a vista alcança, não se vê nenhum Alexandre ou, ao menos, um homem de Estado. Só pequenez e mediania.
