Honra a Sílvia Ramos, presidente da distrital de Beja do CDS-PP, que, animada do indomável espírito que levou os seus e nossos antepassados a dar novos mundos ao Mundo, desassombradamente descobriu (pôs a descoberto) o combustível secreto que move os barulhentos motores dos aparelhos partidários em direcção ao poder.
Como, à vista de uma nau espanhola carregada de ouro das Índias Ocidentais, o capitão de um navio flibusteiro gritando à equipagem do alto do mastro da mezena: "À abordagem!", Sílvia Ramos subiu às alturas da Rádio Pax apontando aos militantes centristas o vibrante e prometedor caminho do espólio pós-eleitoral: "Este é o momento (...) de correr atrás de lugares!". Porque os militantes do CDS-PP, os de Beja incluídos, têm direito (para isso trabalharam "dois anos em constante mobilidade pelo distrito e em várias áreas") àquilo que a sua dirigente chama "devidos lugares".
Já Mário Simões, representante local do PSD, parceiro do CDS na nova tripulação governativa, foi prudente, aconselhando "recato" na matéria.
De facto, "lugares" são coisa que se trata na intimidade partidária e não na rádio, à vista - que é como quem diz ao ouvido - de todos. À vista e ouvido de todos garante-se "recatadamente", como Lino Ramos, secretário-geral do CDS-PP, que o CDS-PP "não alimentará clientelas". Temo pelo destino da heroína sacrílega de Beja: o exílio ou um "devido lugar" no próximo Ministério?
