O presidente da Associação Portuguesa de Canonistas explicou à LUSA que, para a Igreja e no que respeita à anulação do casamento pelo facto de um dos seus membros ser homossexual, a coisa depende do "grau" da homossexualidade. É uma teoria elaboradíssima, a do grau, que vai do grau 0, o "heterossexual puro", ao grau 4, o "exclusivamente homossexual", passando pelo homossexual "predominante" e o "acidental".
Corpo do artigo
Há uns anos, durante a campanha presidencial que levou Eanes a Belém, um dos demais candidatos, o almirante Pinheiro de Azevedo, fez no Auditório JN uma relevante destrinça linguística: "Dizem que o Eanes é muito honesto. Não sei o que isso seja. Ou se é honesto ou não se é honesto; não se é muito honesto ou pouco honesto".
A crer nos canonistas portugueses, isso não se aplica à homossexualidade: haverá os muitíssimo homossexuais, os muito, os pouco, os assim-assim e os nem por isso, até ao limite das equações de Planck, algo como 10 elevado a -105 de homossexualidade. Para lá disso, isto é, para valores de 10 elevado a -106 de homossexualidade ou inferiores - como, por exemplo, achar Brad Pitt um homem bonito ou, no caso das mulheres, Scarlet Johansson - o homossexual é, para efeitos canónicos, equiparado a heterossexual, mesmo não sendo um "heterossexual puro", com volume de homossexualidade nulo e temperatura e densidade heterossexuais infinitas, aquilo que apropriadamente se deve chamar uma "singularidade" .