Ninguém parece gostar do ministro Álvaro e já se popularizou, à esquerda e à direita, o radical desporto do tiro ao Álvaro.
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Eu gosto do ministro Álvaro. Não por ter anunciado, numa das suas raras aparições, um misterioso (também gosto de mistérios) "programa de empreendedorismo e inovação", o que quer que isso seja. E há-de ser coisa em grande, a crer no seu "romance inovador", com grafismo explicativo e letra em corpos variados e a cores. Gosto do ministro Álvaro porque é uma personagem de um livro de Lewis Carroll que Lewis Carrol nunca escreveu, e que, com os mesmos argumentos com que, antes de ser ministro, criticava coisas como o TGV, defende no Governo coisas como o TGV usando apenas o truque gráfico "inovador" de substituir as maiúsculas por minúsculas para transformar o diabólico TGV num amigável comboio de "alta prestação".
Os contribuintes não irão, assim, pagar um elefante branco, mas um elefante cor-de-rosa, o que, se pouca diferença faz em termos de custos, sempre colorirá não só a paisagem entre Caia e Poceirão mas também as contas da Brisa e da Soares da Costa.
Aguarda-se agora que o ministro revele as cores (eu aposto malevolamente no azul, a mais imaterial das cores, símbolo de irrealidade e de "rêverie") com que pintará o Aeroporto de Beja, que iria ter, segundo "estudos", 178 mil passageiros em 2009 e 1,8 milhões em 2020, e teve este ano, entre Maio e Julho, exactamente 164.