Já sabíamos que ser técnico de informática é uma profissão de risco em serviços da administração pública. Volta e meia arriscam-se a deitar abaixo sistemas fulcrais como o Citius e, como se não bastasse, dão-se ao luxo de ter ideias arrojadas como a de criar sistemas de alerta informático para detetar acessos indevidos aos dados fiscais de contribuintes VIP.
O que agora ficamos a saber é que o técnico de informática é, além disso, a figura com mais poder na máquina do Estado. Qual ministro, secretário de Estado ou diretor-geral: o poder é verdadeiramente de quem domina as novas tecnologias. Essa é a única conclusão a tirar das mais recentes provas de que a famosa lista VIP - a tal que nunca tinha passado do plano das intenções e que foi sugerida pela Segurança Informática da Autoridade Tributária - afinal existe mesmo.
Na semana passada, no Parlamento, os dois dirigentes demissionários asseguraram que, apesar da proposta em estudo, "o sistema preventivo de violação do sigilo fiscal" não teria sido implantado. Mas se afinal se prova o contrário e já havia uma definição dos nomes que faziam soar campainhas e com base nisso foram instaurados processos disciplinares, conclui-se que o técnico decidiu sozinho quem deveriam ser os contribuintes VIP. Haverá maior prova do poder da informática?
Mais, considero que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais é credor de um pedido de desculpas de todos os que lhe têm exigido explicações. A inclusão do seu nome no sistema de alerta demonstra que, além de lhe ter sido omitida informação, foi também ele vítima de uma decisão de legalidade duvidosa. Responsabilidade política? Esse é um conceito fora de moda. Demitam-se, com urgência, os técnicos de informática deste país.
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