<p>O Teatro da Cornucópia estreia hoje, às 21.30 horas, "Ifigénia na Táurida", uma peça de 1787 em que Goethe revê um mito da antiguidade grega. Estará em cena no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, até 1 de Novembro.</p>
Corpo do artigo
A peça questiona o conceito de humanidade, a relação com a transcendência e até a condição das mulheres.
Beatriz Batarda é Ifigénia, filha de Agamémnon e Clitemnestra, que a deusa Diana salvou da morte quando o pai a ofereceu em sacrifício e que vive, há muitos anos, exilada na Táurida como sacerdotisa de Diana.
A peça conta o dia em que o irmão de Ifigénia, Orestes (Paulo Moura Lopes) - a enlouquecer depois de ter vingado a morte do pai assassinando a mãe -- chega àquela terra de bárbaros com o amigo Pílades (Vítor d'Andrade), resgata a irmã ao poder do rei Toas (Luís Miguel Cintra) e regressa à Grécia para redimir a sua geração da maldição divina.
Em "Ifigénia na Táurida" - escrita no fim do século XVIII, época de grandes transformações políticas e culturais na Europa, recriada poeticamente por Frederico Lourenço e encenada por Luís Miguel Cintra -, Goethe repensa, em verso, o ser humano na sua maneira de estar na vida, a relação dos homens com os deuses, a tensão entre a ideia de destino e a de liberdade, o estatuto das mulheres e o próprio conceito de soberania política.
"Apesar de em tudo ser uma peça antiga, que trata de mitos ainda mais antigos, em meu entender, tem muita pertinência e dá muito que pensar, depois do que se passou na história da humanidade a seguir àquela época e em relação ao presente que vivemos", disse Luís Miguel Cintra, à agência Lusa.
Depois de mais de dois meses de ensaios com "um grupo que não se distrai", formado por cinco actores - Beatriz Batarda (Ifigénia), Luís Miguel Cintra (Toas, rei dos Tauros), Paulo Moura Lopes (Orestes), Vítor d'Andrade (Pílades) e José Manuel Mendes (Arcas, o mensageiro do rei) -, num cenário despojado, de Cristina Reis, "Ifigénia na Táurida" estará em cena de terça-feira a sábado, às 21.30 horas, e ao domingo, às 16.