Estreia hoje, quinta-feira, "A rede social", que narra a história por trás da criação do Facebook. Favid Fincher, o autor de "Clube de combate", mostra como um génio da programação de computadores se tornou um dos mais jovens bilionários de sempre. Veja o trailer.
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A frase publicitária do filme diz, desde logo, muito sobre o produto que pretende promover: "Não se arranjam 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos". Este número impressionante de "amigos" foi o que Mark Zuckerberg alcançou em apenas meia dúzia de anos com a sua criação do Facebook, a mais popular das redes sociais.
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Os "inimigos" são não só aqueles que se arranjam quando a conta bancária cresce tão depressa, como, sobretudo, os que acham que uma boa parte desse dinheiro lhes devia pertencer. Na realidade, estão neste momento em disputa algumas questões legais, longe de serem resolvidas e que poderão acrescentar alguns novos capítulos à história.
Mas "A rede social", apesar de a personagem central ter exactamente o mesmo nome que o criador do Facebook e das circunstâncias da sua invenção estarem próximas da realidade, não torna o filme uma história oficial. Nem o próprio Mark Zuckerberg se associou directamente ao projecto, nem estamos em presença de um documentário, algo que, mais tarde ou mais cedo, decerto surgirá também.
Voltando aos tais 500 milhões que tornam o Facebook não só uma forma eficiente de encontrar pessoas e arranjar novos "amigos", como o colocam como uma possibilidade de negócio atraente e sem grande risco, o número é de tal forma gigantesco que bastaria que 10% dos seus utilizadores comprassem um bilhete de cinema para tornar o filme um dos maiores êxitos de bilheteira de todos os tempos.
No entanto, a assinatura de David Fincher, um autor de percurso exemplar, transforma a ideia de que o projecto pudesse ser oportunista para o tornar, tão só e apenas, oportuno. Como todas as reflexões sobre o que torna umas ideias tão diferentes de outras, o que muda a vida das pessoas ou o eterno tema da América - agora transformada numa aldeia mesmo global - como a terra das oportunidades.
Se qualquer adaptação cinematográfica de um livro, sobretudo dos melhores ou mais conhecidos, é isso mesmo, uma adaptação para outro meio, outra linguagem, por maioria de razão, tal teria de o ser também uma adaptação de um episódio da vida real. A construção dramática de um filme não se compadece com a ausência de interesse deste ou daquele momento da vida dos retratados.
É por isso que, mesmo que não tenha sido exactamente assim, minuto a minuto, episódio a episódio, o fundamental está lá: a história de um solitário, como todos os génios dos computadores, que uma noite inventou uma ferramenta que iria mudar o Mundo.
Mark Zuckerberg já desmentiu que tivesse criado o Facebook para arranjar amigas na universidade - depois de ter levado uma "tampa", segundo a sequência inicial do filme. Mas também admitiu que o seu vestuário quando tinha aquela idade - ainda nem sequer 20 anos - é muito semelhante ao que Jesse Eisenberg usa no filme. O actor nova-iorquino, hoje com 27 anos, pouco mais velho, portanto, do que Zuckerberg, tem com o herói da história imensas semelhanças físicas e fisionómicas. A começar por uma certa frescura e ingenuidade...
Aaron Sorkin, o autor do argumento, não é também qualquer um. A ele se devem as histórias por detrás de trabalhos tão sólidos a esse nível como os filmes "Uma questão de honra" e "Jogos de poder" e a série de televisão "The west wing".
