
O antifascista Carlos Brito, antigo candidato à Presidência da República pelo PCP, qualificou de "espantoso haver quem se atreva ainda a vir defender a PIDE" ou alguém que esteve ligado à antiga polícia política.
"É espantoso, como há quem se atreva ainda a vir defender a PIDE, ou algum dos seus agentes", afirmou o atual membro da Refundação Comunista. Brito falava à Lusa a propósito do julgamento da peça "A Filha Rebelde", a decorrer no 2.º Juízo Criminal de Lisboa.
Em causa está uma queixa-crime apresentada pelos sobrinhos do último director da PIDE, major Fernando Silva Pais, contra dois ex-directores do Teatro Nacional D. Maria II, Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira, e a autora do texto, Margarida Fonseca Santos.
Para os queixosos, a peça escrita por Margarida Fonseca Santos responsabiliza Silva Pais pelo assassínio do general Humberto Delgado, ocorrido em Fevereiro de 1965 perto de Villanueva del Fresno (Badajoz), na sequência de uma cilada armada pela PIDE, além de desvirtuar o relacionamento entre o último director da PIDE e a sua filha, Annie Silva Pais.
Os arguidos estão acusados dos crimes de "ofensa à memória de pessoas falecidas" e "difamação", reclamando os assistentes uma indemnização de 30 mil euros. "É preciso haver um descaramento para virem defender um director da PIDE sabendo tudo aquilo que a PIDE fez e o rasto que deixou de torturas, perseguições, mortes e famílias destroçadas", sentenciou Carlos Brito.
O ex-deputado do Partido Comunista Português referiu que "a morte não é atribuída a Silva Pais como autor material, mas é à instituição da qual [ele] era o principal responsável". "Todo o direito histórico fundamentado acusa a PIDE/DGS de vários assassínios".
"Não tenho dúvidas que a justiça não irá dar razão [aos assistentes]", disse, acrescentando: "os acusados devem ser absolvidos e louvados".
