
Por ocasião da edição em DVD nos Estados Unidos do filme "O estranho caso de Angélica", o jornal norte-americano LA Times elogiou a vitalidade e a singularidade da obra do realizador Manoel de Oliveira, ele próprio "um caso estranho".
A três meses de completar 103 anos, Manoel de Oliveira "começou ainda no tempo do cinema mudo e tem uma trajectória incomparável". "O mais notável" não é tanto a produtividade, mas sobretudo o facto de grande parte da sua obra "continuar viva e singular", escreveu o diário de Los Angeles na edição de domingo.
Como realizador, Manoel de Oliveira demonstra uma liberdade de quem existe quase há tanto tempo como o próprio cinema: "É a encarnação de um século de cinema", sublinha o diário, recordando o enredo de "O estranho caso de Angélica" e a história por detrás da produção.
O filme, protagonizado por Ricardo Trêpa e que teve estreia comercial este ano em Portugal, é o retomar de um projecto antigo de Manoel de Oliveira, com mais de 50 anos.
O realizador tinha o projecto pronto, mas não chegou a concretizá-lo na altura do Estado Novo.
Depois da revolução de Abril de 1974, Manoel de Oliveira recuperou o tempo perdido, de vários anos sem filmar, escreveu o jornal, e desde então tem produzido com bastante regularidade, sobretudo a partir dos anos 1990.
A crítica do LA Times, a propósito da edição de "O estranho caso de Angélica" em DVD, surge numa altura em que Manoel de Oliveira se prepara para rodar em Paris um novo filme, "O Gebo e a Sombra", a partir de uma peça de teatro de Raul Brandão, e com os actores Ricardo Trêpa, Michel Piccoli e Ludivine Clerc.
Hoje, 19 de Setembro, assinalam-se os 80 anos da estreia no cinema, em Lisboa, do primeiro filme de Manoel de Oliveira, "Douro, Faina Fluvial".
