
Colisei do Porto e o de Lisboa já não recebem a Glenn Miller Orchestra
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Os concertos com The Original Glenn Miller Orchestra, previstos para sábado e domingo, no Porto em Lisboa, foram cancelados, anunciou, esta sexta-feria, a empresa promotora, a Euroconcert, num comunicado enviado à Lusa.
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"A Euroconcert e a SPA [Sociedade Portuguesa de Autores] não chegaram a acordo.Por imposição da SPA e chantagem económica, os concertos da The Original Glenn Miller foram cancelados em Portugal", afirma o comunicado enviado hoje à Lusa.
Na passada quinta-feira, em declarações à Lusa a partir de Madrid, o maestro Rolando Saad, da Euroconcert, afirmou que a SPA "roça a ilegalidade" e acusou a cooperativa de "oportunismo político".
"Pagamos o que temos de pagar e não as imposições chantagistas da SPA", disse o responsável, acrescentando que os valores pedidos pela cooperativa eram "abusivos" na medida "em que o máximo que a lei permite de pagamento de direitos de autores, e no caso de programas ainda sob protecção autoral, é 10% [da receita], quando a SPA pede à cabeça quatro mil euros mais IVA".
Por outro lado, "a SPA não reconhece o direito autoral ao arranjador Ray McVay" que também dirige a orquestra, disse.
"O Ray McVay como eu próprio não estamos registados em nenhuma sociedade de autores nem temos obrigação de pertencer", afirmou na ocasião Rolando Saad.
José da Ponte, da SPA, em declarações à Lusa, na mesma altura, explicou que só existem dois tipos de tabelas para todos os operadores de espetáculos: "Dez por cento sobre as receitas reais ou o pagamento à cabeça de cinco por cento sobre o potencial de venda".
"O que se passa é que essa empresa [Euroconcert] arranjou uma nova tabela em que paga 50% dos direitos à SPA e a Euroconcert paga os outros 50% ao arranjador, mas isto ultrapassa tudo o que está internacionalmente convencionado", disse José da Ponte.
O responsável da cooperativa afirmou estranhar o facto desta "trabalhar com todo o tipo de produtores e nunca ter tido qualquer problema".
Na quinta-feira Rolando Saad afirmou que a orquestra estava na disposição de ficar à porta dos teatros -- Coliseu, no Porto, e Tivoli, em Lisboa.
Num comunicado enviado no início da semana, a Euroconcert salientava a sua "vasta experiência internacional" e referia que em Portugal "são exigidos valores muitíssimo superiores em relação aos outros países da Europa".
A empresa "preza pela qualidade dos seus espectáculos e trabalha com os principais teatros europeus", citando entre outros, o Teatro Real e Auditório Nacional, em Madrid, Gran Teatre del Liceu e Palau de la Musica, em Barcelona, - Musikverein, em Viena, o Concertgebouw, em Amesterdão, a sala da Filarmónica, em Berlim, Gewandhaus, em Leipzig ou o Auditório Parco da Musica, em Roma.
A SPA por seu turno sublinhou à Lusa que "funciona em moldes há muito aceites internacionalmente, porquanto se encontra ligada à CISAC, a confederação que aglutina as sociedades de autores de todo o mundo, através de contratos de reciprocidade".
"A SPA cumpre, cumpriu e cumprirá sempre os acordos internos e externos em representação dos autores que a legitimam para o efeito; esses serão sempre a primeira prioridade da nossa actividade", frisou na ocasião José da Ponte.
A The Original Glenn Miller Orchestra, criada em 1988, integra 22 músicos, dois cantores e o maestro McVay. O seu repertório, segundo nota da Euroconcert enviada à Lusa, inclui mais de 200 temas, "muitos deles procedentes das partituras originais, entre as quais, 'In the Mood', 'Moonlight Serenade', 'American Patrol' ou 'Chattanooga Choo Choo'".
O concerto no Coliseu do Porto estava previsto para sábado às 21,30 horas, e em Lisboa, no Teatro Tivoli, domingo, pelas 18,30 horas.
