
O Conselho de Administração do Teatro Nacional D. Maria II apresentou esta segunda-feira a demissão e informou as tutelas de que, se necessário, se manterá em gestão corrente até ao final do mês.
Recorde-se que, com a saída de Diogo Infante, o encenador João Mota tinha sido convidado pelo secretário de Estado da Cultura para assumir a direcção artística do Teatro Nacional D. Maria II.
"No seguimento da recente não recondução do director artístico do Teatro Nacional D. Maria II e em total solidariedade com a sua posição, os membros do conselho de administração deste Teatro Nacional formalizaram a sua renúncia ao cargo", lê-se em comunicado enviado à agência Lusa.
Desde 2008 director artístico, Diogo Infante foi na semana passada afastado pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, horas depois de ter anunciado em comunicado a suspensão da programação do D. Maria II para 2012, devido aos cortes no financiamento daquele teatro decididos pelo Governo.
Reiterando os argumentos apresentados por Infante nesse documento, o conselho de administração afirma: "Lamentamos que se tenham gorado as insistentes tentativas, reforçadas no último mês, no sentido de alertar as tutelas e, em particular, o senhor secretário de Estado da Cultura, para a inviabilidade da gestão deste Teatro Nacional com o financiamento que lhe é atribuído no Orçamento de Estado para 2011 e 2012, e de solicitar uma reapreciação da razão que justificou a atribuição desse financiamento, que foi tornada pública, mas carece de comprovação".
"Recordamos - prossegue - que as contas do D. Maria II não apresentavam qualquer défice até ao final do terceiro trimestre de 2011 e que também os exercícios em 2009 e 2010 tiveram resultados positivos (contrapondo a resultados negativos na ordem de um milhão de euros em 2006, 2007 e 2008)".
Segundo a administração demissionária do D. Maria II, em 2010, "a taxa média de ocupação das suas duas salas foi de 70%, o teatro teve mais de 73 mil espectadores (excluindo os projectos em digressão), tendo realizado inúmeros espectáculos e iniciativas, em produção própria, co-produção ou parceria".
No documento, assinado pela presidente do conselho de administração cessante, Maria João Brilhante, e pela administradora Mónica Almeida, faz-se ainda um desmentido que "se impõe": "A Administração Teatro Nacional D. Maria II não 'recusou deliberadamente', como surgiu escrito nos órgãos de Comunicação Social, fazer um corte de 15% nos custos fixos de 2011".
"Felizmente, e para o bom nome desta administração, está patente no reporte feito trimestralmente no SIRIEF - Sistema de Recolha de Informação Económica e Financeira (e desde que a troika fiscaliza as contas públicas, mensalmente), que o TNDMII fez um corte de 14,4 por cento nos custos fixos operacionais desde 2009, tendo demonstrado à Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, em documento detalhado e muitíssimo esclarecedor, que atingira o limite de redução de custos com a sua estrutura, e que tinha recebido orientação do Ministério da Cultura para não efectuar mais cortes na actividade artística", sublinha-se no texto.
"Disponibilizámo-nos para discutir, com as tutelas, possíveis soluções no actual quadro de austeridade, sabendo de antemão que a garantia de uma medida de excepção passaria essencialmente por uma opção política. Verificamos agora que essa opção política foi tomada no sentido de penalizar uma gestão equilibrada e comprometer o futuro da actividade do Teatro Nacional D. Maria II", declara o conselho de administração demissionário.
