A 5.ª edição do festival Futurplaces, dedicado aos média digitais e à cultura local, regressa ao Porto, na quarta-feira, tendo por cabeças de cartaz a banda experimental Negativland e o gráfico Philip Marshall.
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O festival que decorre até sábado tem como palavras-chave da edição de 2012 "património, descendência e investigação", prosseguindo a sua vontade de criar "espaços de encontro entre várias culturas interessadas nas capacidades dos meios digitais, pondo em diálogo artistas nacionais e estrangeiros, assim como investigadores das artes, das ciências sociais, da engenharia e da comunicação, e fazer deste evento anual uma plataforma para pensar um futuro virtual", afirma a organização, em comunicado.
Todos os eventos do festival são gratuitos, "o que garante que o festival tem as suas portas abertas a todos os cidadãos, independentemente do seu grau de conhecimento sobre os média digitais", refere Heitor Alvelos, o autor e diretor do Futureplaces.
O festival, que integra conferências, exposições e concertos, decorre em espaços como o auditório do edifício P.INC e a Academia Contemporânea do Espetáculo, ambos na praça Coronel Pacheco, e ainda os Maus Hábitos e o edifício Almeida Garrett.
O programa, que pode ser consultado em http://futureplaces.org/, tem como destaque a presença da banda norte americana Negativland, que darão uma conferência e um concerto no último dia do festival e do designer Philip Marshall, especializado no universo digital.
Os Negativland, formados em 1979 são uma importante banda experimental, conhecidos pelas suas colagens sonoras, que começou a ganhar notoriedade após o lançamento do seu álbum "Escape fom noise", em 1987. A banda tem algum prazer na provocação dos média tradicionais, como quando decidiu emitir um comunicado de imprensa, em que afirmavam estarem proibidos de partir em tournée porque a sua música "Christianity is stupid" tinha inspirado um rapaz a matar os pais e irmãos com um machado. O crime era real, mas não havia qualquer ligação aos Negativland, e os média reproduziram a história sem se preocuparem com verificar os factos.
Outro momento de polémica foi a edição, em 1991, de um single intitulado "U2", que continha várias paródias, construídas a partir da música da banda irlandesa "I still haven't found what i'm looking for". A ousadia valeu-lhes processos da editora dos U2 e da sua própria editora. Os Negativland, interessados nas questões de direitos de autor, argumentavam que aquela era uma utilização correta do material de outros artistas e acabariam por editar um livro intitulado "Uso justo: A história da letra U e do numeral 2" e envolver-se na criação dos Creative Commons.
Philip Marshall integra o colectivo Rebels in Control, é membro da Touch Publishing e trabalha com nomes como David Sylvian, Zang Tumb Tuum (Frankie Goes to Hollywood, Propaganda, Art of Noise) e Comme des Garçons, entre outros.
O Futureplaces, que se realiza no Porto, desde 2008, fruto de uma parceria entre a Universidade Texas - Austin e a Universidade do Porto, mantém os seus "laboratórios de cidadania" que, com uma programação variada, são uma oportunidade para qualquer um pensar como podem os meios de comunicação digitais contribuir para o desenvolvimento da cultura local.