Serralves em Festa faz 10 anos com 220 eventos e aposta em residências artísticas

O festival Serralves em Festa vai cumprir o seu 10.º aniversário com mais de 220 eventos gratuitos, ao longo de 40 horas, e uma aposta forte nas encomendas feitas em regime de residência artística.
Nas agendas de muitas famílias do Porto, mas não só, vai aparecer o fim de semana de 8 e 9 de junho como uma festa já com alguma tradição, pois é nessa data que o museu da avenida Marechal Gomes da Costa abre as suas portas para a 10.ª edição do festival Serralves em Festa.
O programa, apresentado esta quarta-feira pela diretora Suzanne Cotter e pelos vários programadores do museu, vai ter a sua componente habitual de envolvimento das famílias, com várias oficinas espalhadas pelo parque, e mantém as suas apostas na música, dança contemporânea, teatro de rua e circo contemporâneo.
"Este é um projeto desenhado para o público, e isso é o mais importante. É um encontro, é um evento e desejavelmente será uma inspiração", afirmou a diretora do museu.
A novidade este ano é o grande número de projetos, em várias áreas, que resultam de encomendas de Serralves aos artistas, muitos deles em formato de residência artística.
É o caso do coletivo Circunstance, que faz performances que refletem sobre o impacto das tecnologias na nossa vida, de Willi Dorner & Cie, na área da dança contemporânea ou de Kaffe Mathews, que irá apresentar a sua ópera em bicicletas num trabalho feito com o grupo de teatro Visões Úteis.
A artista e compositora britânica, presente na conferência de imprensa de apresentação do programa, revelou que no seu projeto os espetadores serão os performers, já que eles são convidados a passear num percurso definido em seis bicicletas amarelas com colunas incorporadas que reproduzem música conforme o local onde estiverem e a velocidade a que pedalem.
Kaffe Mathews, que descobriu que "o Porto não é uma cidade muito fácil para andar de bicicleta", desenvolve as suas composições baseadas no território onde decorre a sua viagem, o que no caso do Porto a fez ser muito influenciada pelo "muito poluído" rio Douro.
A peça, que contará com a participação de um coro de mulheres de Afurada, é influenciada, entre outras, pela ideia de que os peixes, "devido à poluição no Douro, estão a mudar de sexo".
Assim, no universo criado por Kaffe Mathews, "os pescadores são mulheres que pescam com redes feitas dos seus cabelos" e "os homens são sereias".
Mas esta é só uma das propostas na área da música, que tem ainda entre os seus destaques a vinda da WDR Big Band de Colónia, a banda de jazz da rádio pública alemã que, com a Orquestra de Jazz de Matosinhos, irá tocar um programa inteiramente constituído por composições em estreia.
Mas a já habitual "Festa do Prado" também vai contar este ano com nomes de relevo como King Mindas Sound, Diamond Version ou os canadianos Duchess Says.
No teatro, o destaque vai para "Wondergarden", uma homenagem a João Paulo Seara Cardoso, sob direção de Isabel Barros, "Imaginary friends" com os 12 artistas e os seus duplos em tamanho natural e "Domicília magic show", um trabalho do músico Sérgio Pelágio e da coreógrafa Sílvia Real.
Alguns destes projetos resultam das inúmeras parcerias que Serralves desenvolve para este projeto, com instituições como a Casa da Música e a sociedade de reabilitação Porto Vivo, com festivais como o Imaginarius, o FITEI ou o Festival Internacional de Marionetas, com diversas escolas artísticas e com editoras e produtoras musicais.
Um novidade suplementar: de 10 em 10 mil visitantes (em 2012 foram cerca de 75 mil), um deles levanta voo. Explicando melhor: a cada 10 mil visitantes será sorteada uma viagem de helicóptero na cidade do Porto, graças ao apoio de uma empresa de viagens turísticas.
