A longa-metragem de Steve McQueen conquistou o Oscar de melhor filme, mas na matemática das estatuetas douradas foi "Gravidade" que venceu, ao arrecadar sete dos 10 prémios para que estava nomeado. Cate Blanchett e Matthew McConaughey foram distinguidos com os Oscars para melhor interpretação.
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Os Oscars de 2013 foram entregues na madrugada desta segunda-feira, em Los Angeles, numa cerimónia que decorreu no Dolby Theatre do Hollywood & Highland Center e que teve como anfitriã a comediante Ellen DeGeneres.
"Gravidade", a odisseia espacial de Alfonso Cuarón, somou distinções na temporada de premiações que antecede os Oscars e sagrou-se um dos favoritos na madrugada desta segunda-feira. Os Oscars nas categorias técnicas foram os primeiros a ser atribuídos ao filme protagonizado por Sandra Bullock e George Clooney: melhores efeitos visuais, montagem, mistura de som, montagem de som e fotografia. Ao receber a estatueta dourada para melhores efeitos visuais, Tim Webber fez questão de destacar a coragem de Cuarón para desenvolver um projeto ambicioso e construído em torno dos efeitos visuais.
"Gravidade" também conquistou o Oscar para melhor banda sonora original, entregue a Steven Price, e o palmarés ficou completo quando a estatueta dourada de melhor realizador foi entregue a Alfonso Cuarón.
O realizador mexicano reconheceu que este filme foi "uma experiência transformadora" e não poupou elogios a Sandra Bullock: "Sandy, tu és a alma e o coração do filme. És a melhor colaboradora e uma das melhores pessoas que alguma vez conheci." A confiança depositada por George Clooney no projeto também não foi esquecida, numa longa lista de agradecimentos que culminou com um obrigado à mãe na língua materna.
Com nove nomeações e sendo apontado como um dos candidatos mais fortes à 86.ª edição dos Oscars, "12 Anos Escravo" conquistou o galardão de melhor filme - tal como era expectável depois de ter vencido o Globo de Ouro para melhor filme dramático ou o BAFTA para melhor filme -, mas ficou-se apenas pelas três estatuetas douradas. No momento de receber o prémio, e rodeado pela equipa, Steve McQueen agradeceu a Brad Pitt - coprodutor sem o qual "este filme não teria sido feito" - e dedicou-o a todos os que no passado conheceram a escravatura e aos que, nos dias de hoje, ainda sofrem com este flagelo.
A história verídica de Solomon Northup, um homem livre que foi raptado e escravizado, valeu a John Ridley o Oscar de melhor argumento adaptado e à estreante Lupita Nyong'o o de melhor atriz secundária. A atriz de origem queniana subiu ao palco visivelmente surpreendida e emocionada, perante um leque de adversárias experientes nestas andanças como Julia Roberts, Sally Hawkins ou Jennifer Lawrence - vencedora do Oscar de melhor atriz no ano passado. Lupita agradeceu a oportunidade a McQueen, aos colegas com quem contracenou e deixou uma mensagem de esperança: "De onde quer que venham, não deixem de acreditar".
A par de "12 Anos Escravo", o "Clube de Dallas" também foi distinguido com três galardões, que sublinharam a qualidade das interpretações no filme de Jean-Marc Vallée e confirmaram o favoritismo na atribuição dos Oscars de melhor ator e melhor ator secundário.
A luta do texano Ron Woodroof para vencer a sida deu a Matthew McConaughey o primeiro Oscar de uma carreira que nos últimos quatro anos tem somado notáveis interpretações. Humilde e divertido, o ator agradeceu a Deus por todas as oportunidades que tem tido na vida e garantiu que vai continuar a procurar ser sempre um homem mais próximo do que deseja ser.
Jared Leto, o vocalista da banda 30 Seconds to Mars, levou para casa o Oscar para melhor ator secundário por dar corpo a Rayon, um homem a atravessar um complexo processo de mudança de sexo e a debater-se com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). O ator dedicou o galardão a todos os que perderam a vida para o HIV e, numa nota política, recordou os conflitos na Venezuela e na Ucrânia, deixando um palavra de apoio: "Estamos a pensar em vocês esta noite."
A caracterização foi uma das peças chaves para a construção das personagens de McConaughey e Leto e o trabalho da dupla Adruitha Lee e Robin Mathews foi reconhecido com o Oscar nessa categoria.
Cate Blanchett foi distinguida com o Oscar de melhor atriz pela sua interpretação em "Blue Jasmine", de Woody Allen, e foi aplaudida de pé pelas centenas de pessoas que enchiam o Dolby Theatre do Hollywood & Highland Center. Entre os agradecimentos ao realizador e ao público, Blanchett deixou, em jeito de lembrete para memória futura, a nota de que o público quer ver filmes "de mulheres".
Paolo Sorretino e Spike Jonze conquistaram este ano as suas primeiras estatuetas douradas, nas categorias de melhor filme estrangeiro ("A Grande Beleza") e melhor argumento original ("Her - Um História de Amor"), respetivamente.
O grande derrotado da noite foi "Golpada Americana", de David O. Russel, que partia na linha da frente com dez nomeações e não conquistou nenhuma das estatuetas para que estava indicado. "O Lobo de Wall Street", realizado por Martin Scorsese e protagonizado por Leonardo DiCaprio, também não obteve nenhum galardão.
O Oscar para melhor animação foi entregue a "Frozen - O Reino do Gelo", da Disney, e o de melhor curta-metragem de animação - para o qual estava nomeado "Feral", do português Daniel Sousa - foi entregue à produção francesa "Mr. Hublot".
Para a história desta edição dos Oscars ficará a já famosa "selfie" de Ellen DeGeneres com Meryl Streep, Jennifer Lawrence, Julia Roberts, Bradley Cooper, Angelina Jolie, Brad Pitt, Lupita Nyong'o e Kevin Spacey. Em apenas uma hora, a fotografia de DeGeneres foi retweetada mais de um milhão de vezes, destronando a fotografia "Four More Years" publicada pela conta de Barack Obama aquando da reeleição em 2012.