
Reprodução Vítor Espalda
Vítor Espalda mostra "Figuras Soltas #2", uma coleção "na esteira da Pop", segundo a definição de Valter Hugo Mãe. O escritor ressalva "o processo inusitado, quase humurístico" do artista "em contestar a realidade", em fazer arte.
Um comprimido gigante de "Prosaic" exemplifica a visão do artista, entre a alusão ao antidepressivo e ao prosaico. "O mundo precisa de ti", lê-se na tela. Normal ou licitamente drogado?
"O gigantismo dos símbolos que quer ver repensados, a relação das suas telas com a tipologia dos cartazes ou da publicidade, sugere uma ironização dos assuntos sem a dimensão trágica", diz Valter Hugo Mãe, a propósito da coleção, patente, até 13 de dezembro, na Galeria Artes, no Solar de Santo António, na rua do Rosário, 84, no Porto.
"Somos feitos de referências" e deitamos mão a atalhos "para condensar a informação num símbolo", diz o escritor. "A obra de Vítor Espalda vive da deslocação, esse grandioso gesto que procura incutir no outro a necessidade de repensar aquilo que já existe", acrescenta.
Num texto de apresentação da exposição, Valter Hugo Mãe fala da velocidade a que se vivem os dias, sem tempo para parar para pensar. "A arte periga na sua relação com os homens por falta de tempo para, de facto, encararmos ainda as referências basilares e assacarmos delas implicações válidas para a vida de hoje", tempos em que os lugares, os símbolos, as vivências e as memória assentam no disco rígido de um telemóvel, um instantâneo, depois esquecido. Por revelar.
"O trabalho de Vítor Espalda é um ruído. Ele impede que a arte se silencie e obriga a que cada um de nós tenha opinião ou, ao menos, pondere numa opinião. A isso, de outro modo, chama-se futuro. Quem não pondera sobre assunto algum, passa fugaz. Não tem senão passado e uma nesga miserável do presente", diz Valter Hugo Mãe.
