"A poesia exige muita atenção e por isso se lê tão pouco", diz Fernando Echevarría
O poeta Fernando Echevarría, que hoje assinala quer o seu aniversário quer a distinção com o prémio do 16.º Correntes d'Escritas, constatou que a poesia é um género muito exigente e que por isso é pouco lida.
Questionado pelos jornalistas na Póvoa de Varzim, depois da cerimónia de anúncio dos prémios do evento deste ano, sobre a obra "Categorias e outras paisagens" (editada pela Afrontamento), Echevarría respondeu: "[Digo] o que digo sobre todos os livros de poesia. A poesia é um género que exige muita atenção, que exige muita leitura e por isso é que se lê tão pouco. Custa, mas tudo o que custa é que dá prazer".
O poeta reconheceu que a coincidência do prémio com o seu aniversário foi algo "simpático", mas lembrou que a sua carreira "já começou há muitos anos".
"Começou em 1956 com o primeiro livro. E por conseguinte isso já lá vai, sabe? E o que é que eu lhe posso dizer depois disso? Comecei a ler aos seis anos. Neste momento tenho 80 de estudante. O que não diz grande coisa do estudante porque já devia ter sido outra coisa. Nem sequer fui bom estudante com certeza", disse o autor.
Momentos antes, no seu breve discurso de agradecimento, Fernando Echevarría mostrou-se grato para com o editor "porque foi ele que concorreu".
De seguida, escolheu "relevar uma injustiça que há nestas coisas" que é a de o prémio ser dado ao livro, mas quem o "embolsa é o fulano".
Nascido a 26 de fevereiro de 1929, na localidade espanhola de Cabezón de la Sal, "veio para Portugal ainda muito novo, tendo cursado Humanidades em Portugal e Filosofia e Teologia em Espanha", de acordo com a biografia disponível na Infopédia, da Porto Editora.
Echevarría, que "escreveu sempre em português, só ocasionalmente nas línguas castelhana e francesa", já antes recebeu distinções como o grande prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, o prémio António Ramos Rosa, o prémio Fundação Luís Miguel Nava e o prémio Dom Dinis.
Na ata, o júri considerou que a obra "constrói uma poética da lucidez e do rigor", tratando-se de um "monumento à capacidade de dizer o indizível no limite da palavra".
