Pagar para ouvir música é, hoje em dia, um conceito estranho, mas ainda há quem acredite que é possível restaurar o negócio da indústria musical. Mas como é que chegamos a uma era em que pagar por uma canção é opcional?
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O negócio da música nunca mais foi o mesmo desde que o Spotify surgiu. Mas este serviço de streaming de canções está longe de ser o único do género... E não será certamente o último. O seu mais recente competidor chama-se Tidal e foi lançado, a 30 de março, pelo rapper Jay-Z. A ideia, explica o próprio, passa por "mudar a direção que a indústria da música está a tomar" e "promover o comércio justo". No fundo, tentar convencer as pessoas a pagar, novamente, para consumir música, numa altura em que Internet facilita a audição de canções sem ser preciso comprá-las.
Mas será que consegue? Antes da opção de ouvir canções, legalmente, num serviço de streaming se massificar, já o Youtube servia como alternativa para quem queria música a tocar sem pagar.
O caminho da música grátis foi aberto por programas de transferência de ficheiros, como o Napster, ainda no milénio passado e, desde então, a única alternativa paga que pareceu vingar foi o iTunes. Mas até a proposta da Apple (que foi, em tempos considerada como o grande trunfo da indústria para fazer frente à quebra de vendas) já há muito que foi ultrapassada pelos serviços de audição online, encabeçados pelo incontornável Spotify. Aliás, a própria Apple está prestes a lançar a sua alternativa neste mercado, precisamente porque o modelo de música paga, individualmente ou por álbum, está em declínio também no digital.
Enquanto isso não acontece, e para tentar fazer frente ao Spotify (mas também a outros, como o Rdio, o Google Play Music ou o MixRadio), o Tidal aposta na qualidade de som das canções disponibilizadas (em FLAC em vez de MP3), mas o modelo seguido na página não deixa de ser igual a todos os outros serviços de streaming já existentes. Como (quase) todos, tem milhões de canções em catálogo, milhares de artistas, diferentes géneros, tudo disponível através da Internet e a distância de um clique. A principal diferença? O preço: ter conta no Tidal pode custar até 14 euros por mês (o dobro do preço corrente) e não há versão gratuita do serviço.
A alternativa "made in Portugal"
Entre os serviços de streaming de música online disponíveis há um que se destaca por dois motivos: é apadrinhado por Kim DotCom, o polémico criador do Megaupload, e é feito em Portugal. O Baboom está a ser desenvolvido no Porto, por uma equipa totalmente portuguesa. Esta plataforma musical online pretende ser uma caixa de ferramentas para artistas independentes e um local de descoberta de novas sonoridades. "Mais focado e amigo dos artistas", o Baboom promete que até 90% dos lucros irão para quem produz o conteúdo disponibilizado no serviço.